Espírito Santo: Cinco Anos de Luta contra a COVID-19 – Reflexões e Lições de uma Crise Sanitária
Cinco anos após o início da pandemia de COVID-19, o Espírito Santo reflete sobre os desafios enfrentados, as vidas perdidas e as lições aprendidas durante uma das crises sanitárias mais devastadoras da história recente. Em março de 2020, o estado viu sua rotina ser virada de cabeça para baixo, com hospitais sobrecarregados, políticas de isolamento social e uma população temerosa do desconhecido. Hoje, com a pandemia oficialmente encerrada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o estado celebra sua resiliência, embora sem esquecer as perdas.
Em 2020, o Espírito Santo registrou os primeiros casos de COVID-19, e logo o sistema de saúde local foi colocado à prova. Ao longo dos anos seguintes, mais de 1,2 milhão de casos e 14.847 óbitos foram contabilizados, resultando em uma dor coletiva que permeou todas as camadas sociais. Porém, também foi nesse cenário de medo e incerteza que emergiram ações coordenadas, unificando o governo estadual, as instituições de saúde e a população capixaba.
O governador Renato Casagrande, liderando o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), implementou medidas decisivas, como o Mapeamento de Risco, uma ferramenta que guiava as políticas de distanciamento e restrição de circulação, adaptando-se de acordo com os índices de transmissão em cada município. Ao lado de entidades como a Secretaria da Saúde (Sesa), a Defesa Civil e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Casagrande e sua equipe tomaram decisões cruciais para proteger a população.
Com o início da vacinação em janeiro de 2021, o Espírito Santo deu um passo importante rumo ao controle da pandemia. A Sesa, com apoio do governo estadual, organizou uma operação logística complexa para garantir que as vacinas chegassem rapidamente aos capixabas. Em 18 de janeiro de 2021, o estado recebeu as primeiras doses da CoronaVac, começando com os grupos prioritários. A partir de então, mais de 10 milhões de doses foram aplicadas até o final de 2023, com a vacinação continuando como uma das principais ferramentas de prevenção.
A criação do portal “Vacina e Confia” também foi um marco importante, garantindo a transparência e fornecendo informações sobre o andamento da vacinação no estado. Em setembro de 2021, a compra de 500 mil doses adicionais fortaleceu a imunização e acelerou o processo de cobertura vacinal. Mesmo após a OMS declarar o fim da pandemia, o legado da vacinação continua sendo uma conquista significativa.
A expansão da infraestrutura hospitalar foi outra ação vital. O governo estadual já havia iniciado um processo de ampliação dos leitos antes da pandemia, mas foi durante a crise que a capacidade foi intensificada. As unidades de saúde, tanto públicas quanto privadas, receberam investimentos para adaptar e criar leitos exclusivos para pacientes com COVID-19. Além disso, o Espírito Santo foi pioneiro na expansão da capacidade de testagem, passando de 20 a 30 testes diários para mais de três mil.
Durante os picos da pandemia, o estado evitou a abertura de hospitais de campanha, priorizando a ampliação das unidades já existentes e a adaptação das estruturas. A capacidade de testagem também foi um grande diferencial, colocando o Espírito Santo entre os estados mais eficientes do Brasil no combate ao coronavírus.
Um dos maiores desafios enfrentados pelo governo estadual foi a politização da pandemia. Em diversos momentos, houve resistência à adoção de medidas científicas e uma onda de fake news que prejudicava a eficácia das estratégias. O governador Casagrande lembra do esforço contínuo para manter a população bem-informada, destacando o trabalho conjunto com a imprensa e as redes sociais.
“Desde o início, nos organizamos com um comitê diário, envolvendo diversas secretarias, para coordenar a resposta à pandemia. Isso foi fundamental para garantir uma ação rápida e eficiente”, afirmou o governador. Ele também mencionou as dificuldades de lidar com a resistência política, que, em muitos casos, atrasou a implementação de medidas essenciais, como o uso de máscaras e a vacinação.
Apesar das adversidades, a pandemia deixou um legado de união e solidariedade no Espírito Santo. Casagrande destaca o trabalho conjunto entre governo, instituições de saúde e sociedade civil para minimizar os impactos do vírus. A colaboração entre hospitais públicos e privados, o apoio das igrejas e a atuação decisiva das equipes de saúde foram determinantes para salvar vidas.
“Foi um momento de muita dor, mas também de grandes lições”, reflete Casagrande. “O mais importante foi saber que, juntos, conseguimos enfrentar um inimigo invisível que colocou à prova a nossa humanidade e nossa capacidade de resistir.”
Cinco anos após o início da pandemia, o Espírito Santo emerge mais fortalecido. A experiência acumulada durante esse período não só aprimorou o sistema de saúde, mas também fortaleceu a gestão pública e a coordenação entre diferentes esferas de poder. A integração entre governo e sociedade, aliada à transparência e ao respeito à ciência, será fundamental para enfrentar futuras crises sanitárias.
Com os números de casos reduzidos e a vacinação avançada, a situação no Espírito Santo está controlada. Contudo, as autoridades continuam monitorando a evolução do cenário epidemiológico, enfatizando a importância de manter a vigilância e reforçar a imunização, especialmente para os grupos mais vulneráveis.
Cinco anos depois, a pandemia deixou mais do que perdas e dificuldades: ela trouxe lições de empatia, solidariedade e a certeza de que a união entre o poder público e a sociedade pode superar os maiores desafios. O Espírito Santo não só resistiu à crise, mas saiu dela mais forte.
Foto: Raphael Marques/Secom de 15/01/2022 “Ato simbólico marca início da vacinação das crianças contra Covid-19 no Espírito Santo.”
Por: Luciene Costa
Fonte: SESA