Saúde

Janeiro Branco: Como a Saúde Mental Pode Afetar os Olhos?

O mês de janeiro, tradicionalmente dedicado à campanha pela saúde mental, destaca uma importante conexão entre a mente e o corpo. A saúde ocular, muitas vezes negligenciada, tem sido cada vez mais reconhecida como um reflexo do estado emocional e psicológico das pessoas. Doenças oculares como catarata, glaucoma, olho seco, degeneração macular e retinopatia central serosa não afetam apenas a visão, mas também têm impacto significativo na saúde mental, aumentando os riscos de depressão, ansiedade e até o isolamento social.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a depressão uma das doenças mais preocupantes da atualidade. Um estudo realizado no Brasil revelou que cerca de 12 milhões de brasileiros vivem com diagnóstico de depressão, o que representa aproximadamente 5,8% da população. Essa condição coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking mundial de maior incidência de depressão. A prevalência ao longo da vida é ainda mais alarmante, chegando a 15,5%.

Além disso, especialistas apontam que o estresse tem um efeito direto sobre a visão. A ansiedade, por exemplo, pode gerar uma série de sintomas oculares, como visão embaçada, halos, flashes de luz e até mesmo perda de visão. Por outro lado, pessoas que sofrem com problemas de visão frequentemente relatam um aumento nos níveis de estresse e ansiedade, criando um ciclo difícil de quebrar.

O oftalmologista e diretor da Macrovisão, Alexandre Pinheiro, explica que o estresse contínuo pode prejudicar tanto a visão quanto a saúde mental. “O estresse aumenta a liberação de cortisol e adrenalina, hormônios que, embora naturais, podem ter efeitos prejudiciais quando produzidos em excesso. O aumento de cortisol, conhecido como ‘hormônio do estresse’, pode afetar negativamente a pressão sanguínea, a respiração e até a circulação sanguínea entre os olhos e o cérebro, levando a problemas visuais”, afirma Pinheiro.

Os sintomas oculares do estresse são diversos e incluem:

  • Visão embaçada
  • Halos ou sombras
  • Nebulosidade na visão
  • Flashes de luz
  • Visão dupla
  • Distorções visuais
  • Tensão ocular
  • Músculos oculares doloridos
  • Espasmos nos olhos
  • Dores de cabeça
  • Olhos lacrimejantes ou secos

Esses sintomas não apenas afetam a qualidade de vida, mas também podem levar a um quadro de ansiedade, depressão e isolamento social, afetando ainda mais o bem-estar mental e emocional do paciente.

É fundamental que o tratamento da saúde ocular considere também o impacto emocional e psicológico. Segundo o especialista, o cuidado deve ser holístico, envolvendo não apenas oftalmologistas, mas também psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde. “A atuação de uma equipe multiprofissional é essencial para um tratamento completo, que leve em conta tanto os aspectos físicos quanto os emocionais”, orienta Pinheiro.

Além de intervenções clínicas, o especialista destaca que práticas como terapia psicológica, meditação e atividades físicas (como yoga, cardio e musculação) podem ser aliadas importantes no controle do estresse. Essas atividades ajudam não só na prevenção de problemas oculares relacionados ao estresse, mas também na promoção de um estado mental mais saudável.

Cuidar da saúde ocular vai muito além de garantir uma boa visão. As doenças oculares podem afetar profundamente a qualidade de vida e têm uma relação íntima com o bem-estar psicológico. Portanto, a conscientização sobre a importância da saúde mental e ocular deve caminhar lado a lado, promovendo uma abordagem integral no cuidado com o corpo e a mente.

Neste Janeiro Branco, é essencial refletir sobre como a saúde mental pode impactar diferentes aspectos do nosso corpo, incluindo os olhos, e buscar ajuda quando necessário para garantir um futuro mais saudável e equilibrado.

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