Cultura

Pescadores e Manguezal de Maria Ortiz na Tela do Cinema

Neste sábado (21/12), o Cine Animazul, do Instituto Marlin Azul, realizará uma tarde de cinema gratuita para o lançamento dos filmes do projeto “Pescaria”. Com direção de Marinéia Anatório, a webserie e o curta-metragem mostram a profunda conexão entre os pescadores de Maria Ortiz, em Vitória-ES, e o manguezal, revelando como essas relações moldaram histórias, memórias e vínculos de afeto dentro da comunidade.

Marinéia Anatório, filha do pescador João Batista Anatório, iniciou sua carreira como animadora há cerca de 20 anos. Sua jornada começou após participar de oficinas promovidas pelo Instituto Marlin Azul, onde se apaixonou pela animação e, especialmente, pelo mangue que sempre fez parte de sua vida. Embora sua função inicial fosse apenas cozinhar e limpar o pescado para sua família, desde criança ela demonstrou interesse em aprender mais sobre a pesca, desenvolvendo habilidades como remar, tecer redes e, eventualmente, pescar. Com o tempo, ela foi ganhando confiança e se tornou uma pescadora habilidosa. Seu trabalho audiovisual celebra as memórias e a identidade cultural de sua comunidade, destacando a importância da pesca e do mangue na formação de laços comunitários.

Composta por três episódios, a webserie “Pescaria” aborda três modalidades de pesca artesanal praticadas por pescadores de Maria Ortiz: a pesca de fisga, a pesca de tarrafa e a pesca de morêia. Cada episódio documenta a relação dos pescadores com o mangue e como essa atividade é vital para a sobrevivência e a manutenção dos laços comunitários.

A série foi contemplada pelo Edital de Seleção de Projetos Lei Paulo Gustavo 2023 e foi filmada com uma equipe pequena, usando câmeras de iPhone e uma Canon 7D para registrar de forma intimista a rotina dos pescadores. O áudio mescla depoimentos gravados durante as filmagens com comentários captados no manguezal, criando uma atmosfera que transporta o espectador para esse ambiente único.

Fisga – O primeiro episódio acompanha João Carlos Lima Anatório, conhecido como Bocão, em sua prática de pesca com fisga, uma técnica que exige paciência, silêncio e muita observação. O pescador fica imóvel nas raízes do mangue, aguardando o momento certo para lançar a fisga, um garfo artesanal que captura os peixes que entram e saem do mangue.

Tarrafa – No segundo episódio, o protagonista é José Antônio Carias, um pedreiro que, mesmo não sendo de família de pescadores, praticar a pesca com tarrafa. A tarrafa é uma rede redonda arremessada com as mãos, e sua prática envolve grande conhecimento do ambiente do mangue e das técnicas para evitar que a rede se enrosque em detritos no fundo do mangue.

Morêia – No terceiro episódio, a diretora Marinéia Anatório se transforma em personagem ao lado de sua irmã, Nilda Lima Anatório. Elas saem para pescar morêia, um peixe encontrado nas raízes do mangue. Esta prática exige menos silêncio do que as outras, já que o peixe é atraído pelo barulho da isca. O episódio mostra a diversão e a amizade entre as duas irmãs, competindo para ver quem captura mais morêias.

Além da webserie, o projeto conta também com o curta-metragem Beira Mangue, que tem 16 minutos de duração e celebra as relações de amizade e solidariedade entre os pescadores de Maria Ortiz. O filme destaca como esses encontros se dão na beira do mangue, onde os pescadores compartilham o pescado e se conectam por meio de histórias, risadas e a paixão pela pesca. É uma verdadeira roda de conversa que exalta os laços familiares e comunitários.

O curta é o resultado de um projeto contemplado pelo Edital de Chamamento Público nº 001/2023 da Prefeitura de Vitória, com apoio do Fundo Municipal de Cultura.

Ambas as produções são uma homenagem ao ecossistema do manguezal e à comunidade de pescadores de Maria Ortiz, destacando a importância da pesca artesanal para a preservação cultural, ambiental e para o fortalecimento dos laços sociais na região.

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