Economia

232 mil capixabas saem do vermelho em um ano, aponta pesquisa

O Espírito Santo apresenta um cenário mais positivo em relação à inadimplência e à capacidade de pagamento das famílias, conforme apontado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O levantamento revela que, em comparação a novembro de 2023, o número de capixabas em débito caiu significativamente, refletindo um aumento na capacidade de quitar as dívidas.

De acordo com a Peic, a inadimplência no estado diminuiu 6,1 pontos percentuais, passando de 38,8% em novembro de 2023 para 32,7% no mesmo mês de 2024. Isso representa 87,1 mil famílias a menos no vermelho, ou cerca de 232 mil capixabas com menos dificuldades financeiras.

A análise mensal do estudo mostrou uma leve estabilidade na inadimplência, com um crescimento de apenas 0,1 ponto percentual entre outubro e novembro de 2024. Isso representa 1.400 novas famílias inadimplentes, o que é considerado um aumento modesto diante do cenário mais amplo.

Segundo Ana Carolina Júlio, coordenadora de pesquisa do Observatório do Comércio, o Connect Fecomércio-ES, o mês de novembro costuma registrar um aumento de inadimplência e endividamento devido ao pico de gastos da Black Friday. Contudo, o cenário atual traz otimismo para as vendas de fim de ano, com uma expectativa de recuperação para o comércio.

“A redução da inadimplência significa que as famílias terão maior capacidade de pagamento agora do que em dezembro do ano passado, o que pode impulsionar as vendas de Natal e Ano Novo”, destacou Júlio.

Outro dado relevante da pesquisa é o aumento da capacidade de pagamento das famílias capixabas. Em novembro de 2024, 21,4% das famílias inadimplentes afirmaram ser capazes de quitar suas dívidas, um crescimento de 4,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Isso significa que, das 467 mil famílias inadimplentes no estado, cerca de 267 mil (100 mil famílias a mais) estão mais próximas de regularizar sua situação financeira.

Apesar da redução na inadimplência, o nível de endividamento das famílias capixabas mostrou um leve aumento. O índice de pessoas com contas a pagar subiu de 89,3% para 89,9%, o que corresponde a 8.500 novas famílias endividadas. A coordenadora Ana Carolina Júlio ressaltou que o endividamento é uma prática comum no Brasil, principalmente com o uso do cartão de crédito e o parcelamento de compras, o que, de certa forma, beneficia o comércio local.

Em relação ao prazo de quitação das dívidas, a pesquisa revela que 57,5% das famílias capixabas precisaram de mais de 90 dias para regularizar suas pendências, o que representa um aumento de 4,7 pontos percentuais em relação a outubro. O tempo médio para quitar as dívidas em atraso subiu de 68,5 para cerca de 70 dias, ou seja, as famílias do estado levam, em média, dois meses para resolver suas pendências financeiras.

A pesquisa também mostra que o cartão de crédito continua sendo a principal forma de endividamento no estado. Em novembro, 89,9% das famílias com renda de até 10 salários mínimos usaram o cartão, assim como 94,7% das famílias com rendas mais altas. Esse aumento no uso do cartão de crédito reflete uma tendência crescente entre os capixabas, principalmente no período de compras de fim de ano.

O levantamento revelou, ainda, uma redução das dívidas de longo prazo, acima de seis meses, e um declínio no número de famílias altamente endividadas, com despesas superiores a 50% da renda. Esses dados indicam que as famílias capixabas estão conseguindo controlar melhor suas finanças, o que pode diminuir o risco de inadimplência e ampliar a confiança no mercado.

Ana Carolina Júlio acredita que as mudanças nos perfis de endividamento e inadimplência devem resultar em uma maior segurança para o mercado de crédito no estado, facilitando a tomada de empréstimos e o crescimento do comércio capixaba. “Esse controle das finanças familiares e a redução do grau de endividamento podem ter um impacto positivo na economia local nos próximos meses”, afirmou.

Em suma, o Espírito Santo começa o final de 2024 com sinais de recuperação econômica, e as perspectivas para as vendas de Natal e Ano Novo são otimistas, com consumidores mais capazes de honrar seus compromissos financeiros.

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