Conectar-se ao celular enquanto dirige pode multiplicar em quatro vezes o risco de um acidente fatal, revela estudo
Em uma era em que a conectividade é essencial, muitos motoristas não conseguem se afastar de seus celulares, mesmo enquanto dirigem. No entanto, essa prática, que pode parecer inofensiva, acarreta graves riscos para a segurança no trânsito. O uso de celular ao volante é uma infração grave no Brasil e está diretamente relacionado a um aumento significativo no risco de acidentes.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) categoriza o uso de celular enquanto dirige como uma infração gravíssima. Desde novembro de 2023, essa infração é penalizada com sete pontos na carteira de habilitação e uma multa de R$ 293,47. A legislação também permite o uso do celular apenas quando o dispositivo está fixado no painel do veículo e não oferece distração ao condutor. No entanto, é essencial parar o veículo em local seguro para alterar qualquer configuração no dispositivo.
Os perigos associados ao uso de celular enquanto dirige são vastos e impactam não apenas o condutor, mas todos ao redor. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a cada hora são registrados 28 casos de motoristas usando celular, totalizando cerca de 675 pessoas colocando suas vidas e as de outros em risco diariamente.
- Reação Lenta ou Tardia: A pesquisa da RAC Foundation revela que enviar uma mensagem enquanto dirige retarda a reação do motorista em até 35%. A distração reduz a percepção visual e auditiva, prejudicando a capacidade de resposta a situações emergenciais.
- Atenção Comprometida: O uso do celular desvia a atenção do condutor e reduz a visão panorâmica, crucial para a segurança no trânsito. O motorista pode perder a visão dos retrovisores e outros veículos ao redor.
- Aumento no Risco de Acidentes: A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o uso do celular no trânsito aumenta o risco de acidentes em 400%. No Brasil, essa prática é a terceira principal causa de mortes no trânsito, atrás apenas do álcool e do excesso de velocidade.
- Riscos para Pedestres e Ciclistas: Pedestres e ciclistas, em particular, enfrentam grande risco devido à distração causada pelo uso de celular. Digitar uma mensagem a 80 km/h equivale a dirigir com os olhos fechados por cerca de 100 metros, aumentando consideravelmente o risco de atropelamentos.
O uso do celular enquanto se dirige pode ser a principal causa de acidentes fatais, com o risco de colisão aumentando em impressionantes 400%, segundo Ronaldo Gaudio, especialista em trânsito. Esta afirmação vem em um momento crítico para a Serra, que já perdeu 29 vidas em acidentes automobilísticos até julho de 2024. Embora este número represente uma redução significativa de 21% em comparação com o mesmo período do ano passado, a questão da imprudência continua a ser um desafio premente.
De acordo com o Observatório de Trânsito do Detran-ES, a maioria das vítimas na Serra neste ano foram motociclistas, representando 17 das 29 mortes registradas. Outras categorias incluem pedestres (6), condutores de carros (4), carona de caminhão (1) e ciclista (1). A predominância de motociclistas e o impacto da imprudência são temas recorrentes nas discussões sobre segurança viária.
O especialista Ronaldo Gaudio destaca que, além do uso do celular, o excesso de velocidade é a causa principal ou secundária de 80% dos acidentes. “A imprudência, como expor a si mesmo e aos outros a riscos desnecessários, poderia ser reduzida com ações comportamentais simples. Isso poderia resolver cerca de 80% do cenário caótico nas estradas”, afirmou Gaudio.
A Serra, com uma frota de cerca de 220 mil veículos, possui uma quantidade de carros maior do que a população de Cachoeiro de Itapemirim, que tem 210 mil habitantes, conforme dados do IBGE. Este dado curioso ressalta a alta densidade de veículos no município, que é bem sinalizado e monitorado por agentes de trânsito, tanto presencialmente quanto através de fiscalização remota. Gaudio elogia o trabalho dos agentes da Serra, considerando-o o mais eficaz do estado.
No entanto, a capital Vitória tem enfrentado um aumento preocupante de 44% nas mortes no trânsito em 2024, com 26 casos registrados até julho, em comparação com 18 no mesmo período do ano anterior. Vila Velha também teve um aumento de 27%, com 28 mortes em 2024 frente a 22 no ano anterior. Ronaldo atribui esses aumentos a gargalos no trânsito, pequenas colisões e acidentes envolvendo motociclistas e atropelamentos.
Os dados de acidentes fatais na Serra mostram que, de janeiro a julho de 2024, o mês de junho registrou o maior número de mortes (7), enquanto março teve o menor número (2). Esses números indicam uma flutuação nos acidentes, mas uma tendência geral de redução comparada aos anos anteriores. Por exemplo, em 2018, foram registradas 63 mortes, e em 2024, até julho, o total é de 29.
No âmbito estadual, o Espírito Santo viu um aumento de 17,1% no número de mortes no trânsito em 2024, com um total de 480 vítimas até julho. A maioria desses acidentes ocorreu em rodovias estaduais e vias municipais, com os homens representando 83% das vítimas.
Para combater a imprudência e promover a segurança no trânsito, o Departamento Operacional de Trânsito da Serra (DOT) realiza diversas ações de conscientização e fiscalização. O programa “Transitando” atinge escolas municipais para educar a nova geração sobre segurança viária. Além disso, o DOT atua em parceria com diversas agências de segurança pública e socorro, e a população pode colaborar denunciando riscos e problemas pelo telefone (27) 98182-0220.
Enquanto as estatísticas revelam progressos, a luta contra a imprudência e a necessidade de maior conscientização continuam sendo prioridades para garantir a segurança nas estradas.