Muitos agricultores iniciantes enfrentam desafios ao irrigar plantações em terrenos com inclinação. Mas é, sim, possível. Existem técnicas que podem ajudar a evitar a erosão do solo, proporcionar uniformidade na aplicação da água e assim chegar à produção desejada.
Primeiro, é importante entender que a inclinação de um terreno, bem como a força da gravidade, podem interferir no funcionamento da irrigação. A vazão de um emissor é afetada pela variação da pressão a que ele está submetido. Assim, em áreas mais baixas, pode haver maior pressão e portanto maior entrega de água do que áreas mais altas, só que isso pode ser contornado.
Para que isso não ocorra, segundo o engenheiro agrônomo Elídio Torezani, é preciso considerar a topografia do terreno.
“Ao realizar um levantamento topográfico de boa qualidade, você consegue identificar as reais condições do relevo da área, e usar isso para determinar a melhor distribuição da água nas zonas de cultivo. Com essas informações, você poderá optar, por exemplo, pelo plantio em curvas de nível, que ajuda a diminuir a erosão e assim preservar seu maior patrimônio: o solo”, explica Torezani.
Em seguida, é feita a escolha do tipo de irrigação. De acordo com o engenheiro agrônomo, o sistema de gotejamento é o mais indicado para terrenos inclinados, já que evita que a água escorra, viabilizando distribuição de forma uniforme na plantação. “Uma irrigação adequada é essencial para o crescimento saudável das plantas e a produção de colheitas de boa qualidade”, afirma.
Erros comuns
Torezani, diretor da Hydra Irrigações, empresa com sede em Linhares, município do Espírito Santo, ainda alerta para erros comuns em relação à irrigação em terrenos inclinados.
Para o engenheiro, não optar por profissionais capacitados e que sigam os princípios de engenharia tem sido o principal equívoco. Isso porque, com uma topografia incorreta, bem como falta de habilidade do projetista, há impactos na qualidade final da irrigação. “Escolher profissionais qualificados propicia economia e resultados excepcionais”, alerta Elídio.
Além disso, o engenheiro alerta que algunsconceitos de uso e conservação de solo estão sendo utilizados de forma equivocada em terrenos inclinados. Entre eles, segundo Torezani, está o plantio no sentido da declividade. Ou seja, uma linha de planta que sai do ponto mais alto ao ponto mais baixo sem obedecer o nível.
“Esse erro agrava os processos de erosão. Por consequência, há empobrecimento do solo, tornando-o improdutivo. Afinal, a erosão arrasta para as partes mais baixas a parte orgânica e toda a riqueza nutricional do solo. Esse ambiente passa a ser cada dia mais hostil ao cultivo, o que encarece a cada dia mais o processo produtivo e promove de forma desastrosa o assoreamento de rios e barragens”, resume o engenheiro agrônomo.
Para evitar tais equívocos, segundo Elídio, não há outra decisão senão o investimento em equipamentos, como gotejadores, aspersores, microaspersores e outros itens adequados para se utilizar nesse tipo de ambiente. “Por questões de custo, é perceptível ver projetos que não utilizam esses dispositivos, o que gera irregularidades. Poupar agora pode sair muito mais caro lá na frente”, finaliza.