Um estudo da revista Genoma Biology and Evolution publicado em 14 de dezembro, sugeriu que a preferência por acordar cedo ou tarde pode estar relacionada ao DNA herdado dos neandertais, espécie de hominídeo mais próxima dos homens, que desapareceu há mais de 40 mil anos.
Os cientistas descobriram que pessoas com um determinado conjunto de variantes genéticas tendem a ser “pessoas matutinas”, e que os Neandertais, que coexistiram com os humanos modernos há milhares de anos, tinham essas variantes.
Para a pneumologista e Especialista em Medicina do Sono, Jessica Polese, este tipo de estudo que busca histórias de antepassados tentam geralmente explicar fatores habituais do ser humano, o que ocorreu nesse caso.
“Quando identifica-se uma regulação, um costume do indivíduo que ocorre até os dias atuais, chega-se a uma comprovação que isto faz bem para a saúde”, define a médica. “E o detalhe das variantes genéticas serem encontradas em uma região do genoma que influencia o ritmo circadiano, é importante”, afirma Jessica.
A especialista explica que o ciclo circadiano é comandado pelas mudanças de luminosidade, desde a escuridão da noite até a luminosidade do dia, e regulam os níveis hormonais do corpo e o estado de sono e vigília, assim essa adaptação genética pode ter fornecido uma vantagem evolutiva em ambientes pré-históricos.
“Porém, é importante ressaltar que outros fatores – como ambiente e estilo de vida – também desempenham um papel importante na determinação dos hábitos de sono das pessoas. “Por exemplo quem mora na Europa tem um estilo de vida completamente diferente de nós que moramos no Brasil, um pais tropical, com características climáticas completamente diferentes”, diz Jessica.
O estudo mostrou um fator importante: que os genes herdados podem estar associados a diversas características que possuímos e se relacionam a condições de nossa saúde, como doenças autoimunes, distúrbios neuropsiquiátricos, entre outros. “A longo prazo isto estimula estudos da genética comportamental e as influências que ocorrem desde os primórdios”, diz Jessica.