No ES a tradição é celebrada com sabor e o crescimento da produção no Espírito Santo
Data destaca o trabalho de pequenos produtores e a força do cacau capixaba, com marcas artesanais ganhando mercado e agregando valor ao campo.
Neste 7 de julho, Dia do Chocolate Artesanal, o Espírito Santo comemora avanços importantes em uma cadeia produtiva que une tradição e inovação. Segundo maior produtor de cacau do Brasil, o estado vem consolidando o cultivo e transformando amêndoas locais em chocolates finos, feitos em pequena escala e com forte identidade regional.
O movimento “da árvore à barra” (tree to bar) cresce no estado, reunindo dezenas de marcas que controlam todas as etapas de produção — desde o plantio até o tablete pronto. Em regiões como Linhares, Jaguaré, São Mateus e Colatina, o cacau encontra clima e solo ideais, gerando frutos de alta qualidade que despertam o interesse de chocolatiers artesanais.
Em propriedades como a Fazenda Emirial, em Linhares, o cultivo do cacau é motivo de orgulho familiar, com cerca de 70 000 pés plantados. A colheita é manual, fruto a fruto, respeitando o ponto de maturação quando os tons alaranjados e arroxeados indicam a hora certa de retirar o cacau do pé.
Após a colheita, os frutos são quebrados para extrair as sementes, que passam por uma etapa fundamental: a fermentação. Em caixas de madeira, as amêndoas permanecem por cerca de sete dias, revolvidas diariamente para garantir um processo uniforme. Nesse estágio surgem os primeiros aromas que lembram chocolate e se desenvolvem os compostos que garantirão sabor e qualidade ao produto final.
Em seguida, as amêndoas secam ao sol nos terreiros, para então serem ensacadas e enviadas para fábricas artesanais. É lá que começa a segunda fase da transformação: torra, descasque e moagem geram os nibs de cacau — pedaços escuros e aromáticos que são a essência do chocolate.
Os nibs passam por moinhos de pedra durante dias, formando uma massa fluida e homogênea. Essa massa precisa ser temperada — receber um choque térmico controlado — para garantir brilho, textura firme e o “snap” característico ao ser quebrada. Por fim, o chocolate é moldado, refrigerado e está pronto para encantar consumidores.
Até pouco tempo atrás, eram apenas três marcas de chocolate artesanal em todo o estado. Hoje, são quase 40 produtores trabalhando com cacau capixaba de origem, desenvolvendo receitas próprias, formatos exclusivos e embalagens diferenciadas.
O interesse por produtos mais naturais, sustentáveis e rastreáveis impulsiona esse crescimento. O consumidor busca conhecer a história por trás de cada barra — quem plantou o cacau, como ele foi fermentado, torrado e transformado em chocolate.
Essa valorização também movimenta o turismo rural. Muitas propriedades abrem suas portas para visitas guiadas, mostrando os processos do cacau e oferecendo degustações de chocolates finos.
O Dia do Chocolate Artesanal, celebrado em 7 de julho, é mais que uma data. Ele existe para valorizar quem faz do chocolate uma arte — com processos cuidadosos, respeito à matéria-prima, e foco na qualidade.
No Espírito Santo, a comemoração é especial: representa o resultado de gerações que transformaram o cacau em sustento e agora veem o chocolate agregar valor ao campo, gerar renda para famílias e colocar o estado no mapa dos melhores chocolates do Brasil.
O avanço da produção artesanal também fortalece a economia capixaba, diversifica mercados e dá visibilidade a uma cultura agrícola que combina história, sabor e inovação. Um motivo de orgulho para quem planta, fabrica e consome chocolate no Espírito Santo — não só no 7 de julho, mas o ano inteiro.