Projeto de danças urbanas ocupa as ruas da Grande Vitória com flash mobs que dão visibilidade a corpos dissidentes
Por meio da arte, movimento e intervenção urbana, espetáculo aborda marginalização e celebra resistência entre 11 e 21 de dezembro
As ruas, praças, praias e universidades da Grande Vitória se transformarão, entre os dias 11 e 21 de dezembro, em palco vivo para um movimento de arte, resistência e representatividade. É quando o espetáculo “Por mais que você não veja, haverá sinais”, idealizado pela YuP! Produções e pela CASU (Casa Urbana), toma a cidade em formato de flash mob, ocupando espaços públicos com danças urbanas e corpos historicamente marginalizados.
Realizado pelo Edital nº 10/2023 – Linha 2 – Projetos de Dança, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES), com recursos do Funcultura, o projeto reúne um elenco composto por pessoas negras, LGBTQIAPN+ e com deficiência. A proposta é clara: evidenciar corpos dissidentes que muitas vezes não são vistos ou reconhecidos nos ambientes sociais hegemônicos — e fazê-lo com ritmo, atitude e potência.
O espetáculo se estrutura em quatro eixos de ocupação — rua, universidade, praça e escola — utilizando o formato de flash mob para surpreender e sensibilizar o público. O método de criação segue a pesquisa da coreógrafa Yuriê Perazzini, que desenvolveu a metodologia “Dance Fusion: Como descolonizar um corpo? Método Moquear”, inspirada nas danças afrodiaspóricas, urbanas e nas manifestações culturais afro-capixabas.
“Esses corpos emergem para falar de amor, de sentir e de viver o presente”, afirma Yuriê, que é uma das precursoras dos flash mobs no Espírito Santo e, pela primeira vez, reúne pessoas com deficiência nesse tipo de intervenção. A seleção desse grupo foi conduzida pela professora Bianka Gomes, que integra a equipe técnica do projeto.
Além dos artistas PCD, o elenco também conta com bailarinas e bailarinos negros e periféricos, escolhidos por chamamento público. O trabalho inclui aulas de consciência corporal, trilha sonora original e encontros que fortalecem autoestima e pertencimento.
A música que embala o espetáculo é assinada por Gessé Paixão, em correalização com Fepaschoal. A composição reúne elementos como agogô, berimbau, sintetizadores e excertos de músicas existentes, criando uma paisagem sonora que dialoga com a estética afro-diaspórica.
“Buscamos referências da cultura capixaba e da resistência preta, periférica, LGBTQIAPN+ e PCD para construir uma sonoridade que também ocupa a cidade”, explica Gessé.
Desde outubro, 22 participantes — com idades entre 18 e 60 anos — ensaiam na Escola Técnica de Teatro, Dança e Música Fafi. Durante o mês de dezembro, o público poderá acompanhar ensaios abertos e as apresentações finais, sempre em formato de flash mob, com intervenções rápidas e impactantes.
Confira a programação completa:
ENSAIOS ABERTOS
11 de dezembro
- 13h às 14h – Restaurante Universitário da Ufes – Campus Goiabeiras, Vitória
- 19h às 20h – Parque Moscoso, Centro de Vitória (Parceria com Natal de Encantos)
13 de dezembro
- 18h às 19h – Praça das Artes, Feu Rosa, Serra (Parceria com Origrafis)
14 de dezembro
- 14h às 15h – Praia de Camburi, Vitória (próximo ao Píer de Iemanjá)
- 19h às 20h – Parque da Prainha, Vila Velha (Parceria com o Vila Natalina)
APRESENTAÇÕES – FLASH MOBS
18 de dezembro
- 13h às 14h – Restaurante Universitário da Ufes – Campus Goiabeiras
- 19h às 20h – Parque Moscoso, Vitória
20 de dezembro
- 18h às 19h – Praça das Artes, Feu Rosa, Serra (Origrafis)
21 de dezembro
- 14h às 15h – Praia de Camburi (Píer de Iemanjá)
- 19h às 20h – Parque da Prainha, Vila Velha (Vila Natalina)
EQUIPE ARTÍSTICA E TÉCNICA
- Coreografia, idealização e produção: Yuriê Perazzini
- Assistência técnica: Bianka Gomes
- Apoio de produção: Samily Sale
- Trilha sonora: Gessé Paixão & Fepaschoal
- Técnico de som: Jone BL
- Figurino: Amora Gasparini
- Parcerias: Fafi, Origrafis e Vila Natalina – Prefeitura de Vila Velha
- Fotografia: Mariana Garcia
- Videomaker: Heytor Gonçalves
- Direção de arte: Alê Pin
- Mídias sociais: Duetto Marketing
- Assessoria de imprensa: Assessoria JRSN
Capoeirista, dançarina, professora, coreógrafa e gestora da Casa Urbana, Yuriê é mestra em Dança pela UFBA e referência das danças urbanas no Espírito Santo. Criou a metodologia “Dance Fusion: Como descolonizar um corpo? – Método Moquear”, a UDES (2008) e os Encontros de Danças Urbanas (2009), além de atuar há décadas na pesquisa da diáspora africana e da street dance.
Fundada em 2016, a CASU é a primeira escola dedicada exclusivamente às danças urbanas em Vitória. Reconhecida como espaço cultural pela Lei Aldir Blanc, atua como centro de pesquisa, formação e residência artística, sempre orientada pelos princípios da diáspora africana no Brasil.
Fotos: Mariana Garcia
