Vitória atravessa um dos momentos mais relevantes de sua história recente do ponto de vista urbano e econômico. A capital capixaba começa a consolidar um conjunto de políticas públicas e investimentos em infraestrutura que apontam para um reposicionamento estratégico, que é deixar de ser apenas uma cidade com alto potencial turístico para se tornar, de fato, uma referência nacional em turismo urbano, sustentável e integrado ao desenvolvimento econômico.
Esse movimento não ocorre por acaso. Ele nasce da compreensão de que o turismo moderno é consequência direta de planejamento urbano, qualidade dos espaços públicos, mobilidade eficiente e valorização dos ativos naturais. Nesse contexto, Vitória passa a tratar o turismo não como ação pontual ou calendário de eventos, mas como vetor estruturante de desenvolvimento.
Os projetos de requalificação das orlas urbanas exemplificam bem essa estratégia. A cidade, historicamente marcada por uma relação distante com suas águas, inicia um processo consistente de reconexão com o mar. A orla do Canal de Camburi, inserida no programa Vitória de Frente para o Mar, representa um novo modelo de ocupação urbana, infraestrutura pensada para o uso contínuo, integração entre bairros, incentivo à mobilidade ativa e criação de ambientes propícios à convivência, ao lazer e à atividade econômica.
Do ponto de vista institucional, trata-se de um investimento que transcende o urbanismo. A criação de deques, ciclovias, áreas de contemplação, atracadouros e espaços de apoio ao comércio e à gastronomia amplia a atratividade da cidade, fortalece o turismo local e cria condições para a expansão do turismo regional e nacional. Mais do que um cartão-postal, essas intervenções geram externalidades positivas permanentes para a economia da cidade.
A ampliação e requalificação da orla da Grande São Pedro seguem a mesma lógica. Ao integrar áreas antes pouco exploradas do ponto de vista urbano, o município promove inclusão territorial, valoriza o entorno, estimula novos empreendimentos e amplia a circulação de pessoas. Essa dinâmica fortalece cadeias produtivas ligadas ao turismo, como serviços, alimentação, hotelaria, transporte e economia criativa, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade de vida da população local.
Vitória passa, assim, a alinhar sua política urbana às práticas observadas em cidades brasileiras que se tornaram referências turísticas, como Florianópolis, Recife e Balneário Camboriú, mas preservando uma característica própria: escala humana, diversidade territorial e forte integração com a paisagem natural. Esse equilíbrio é um ativo relevante em um cenário no qual turistas buscam experiências autênticas, cidades caminháveis e contato qualificado com o ambiente urbano.
Ao investir em infraestrutura urbana, Vitória sinaliza que compreende o turismo como parte de sua estratégia de crescimento sustentável. Cada intervenção na orla, cada melhoria na mobilidade, cada espaço público ativado representa não apenas uma obra física, mas um passo na construção de uma cidade mais competitiva, atrativa e preparada para receber visitantes e investimentos.
Vitória ainda está em processo de consolidação desse novo posicionamento, mas os sinais são claros. A cidade começa a transformar potencial em projeto, projeto em infraestrutura e infraestrutura em desenvolvimento econômico.
José Neto Rossini Torres é CEO da Forttu Investimentos; Autor dos livros: “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o Sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade”.
