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ARTIGO: Vila Velha rumo ao V Centenário

Foto: Adessandro Reis.

É muito saudável sempre revisitarmos e rediscutirmos a história capixaba e nacional, em uma válida tentativa de se restabelecer certas verdades históricas, o que já é realizado nas Academias, mesmo que de maneira ainda não satisfatória. Segundo o IBGE temos no Brasil mais de 5.500 cidades, e ainda causando polêmica a classificação da cidade mais antiga do país, haja vista não ser tão simples a resposta. Muitos debates com historiadores importantes suscitam dúvidas até quanto a quase unanimidade de ser Cananéia, em São Paulo, a mais antiga cidade, 12 de agosto de 1531. Argumentam alguns ser Cananéia o povoado mais antigo do Brasil, ficando para São Vicente, também em São Paulo, 22 de janeiro de 1532 o título da cidade brasileira mais antiga, fundada cinco meses depois. A aniversariante do mês de maio Vila Velha, 488 anos, segundo muitos historiadores é classificada como a 3ª cidade mais antiga do Brasil, fundada em 23 de maio de 1535, perdendo apenas para a paulista Cananéia, em primeiro, e tendo São Vicente (SP) em segundo lugar, ficando as cidades pernambucanas Olinda e Igarassu ocupando o quarto e quinto lugares respectivamente. Classificação recheada de polemicas, haja vista serem todas fundadas no ano 1535.

Citando o professor, pesquisador e cientista social João Gualberto, que no seu artigo “A história como inovação social” afirma: “a importância do estudar o passado para construir o futuro é uma atitude necessária e inovadora. A economia Criativa e seus desdobramentos materiais como o turismo se alimentam dela. A história pode ser inovadora. A história por ser um ativo coletivo produz riqueza. Nós capixabas desperdiçamos muito desses ativos turísticos. Os capixabas valorizam pouco a sua história. Esse é o ponto. Nossas elites econômicas parecem presas a um modelo industrial que já nos alavancou no passado, tem um importante papel no presente, mas tem sua capacidade de promover uma verdadeira transformação social totalmente esgotada. É preciso investir na chamada economia criativa”.

A história capixaba é muito digna de comemorações em todo o mês de maio, são anos de muitas lutas e superações.  Em 23 de maio foi a chegada da comitiva do fidalgo Vasco Fernandes Coutinho na hoje Prainha, em Vila Velha. Sempre gosto de lembrar a etimologia da palavra “comemorar”, que muitos estudiosos pesquisadores insistem em criticar, confundindo com “festejar”. Comemorar é uma palavra de origem latina – commemorare – que significa recordar, rever, trazer à memória, recordar coletivamente. E para fortalecermos a nossa identidade capixaba, temos que trazer à memória coletiva a nossa ancestralidade, origens e cultura histórica, com muitas vitórias e superações, orgulho e pertencimento de sermos capixabas.

Enfim, a nossa Vila Velha está entre as cinco mais antigas cidades do país, carregada de muita cultura e um potencial turístico gigantesco que agora é trabalhado de modo acertado pela atual gestão municipal do prefeito Arnaldinho Borgo, onde tenho o privilégio de colaborar,  sendo reconhecida como destino turístico acolhedor e sustentável, com melhores condições e com um qualificado receptivo aos turistas e principalmente a inserção da coletividade neste processo, fomentando e fortalecendo o sentimento de pertencimento, a valorização da cultura popular e, sobretudo, o reconhecimento do que nos faz diferentes, potencializando as regiões e seus muitos atrativos, principalmente com a reestruturação de toda a cidade, principalmente as regiões mais vulneráveis, e também com requalificação da cadeia produtiva. Vila Velha é definitivamente cidade cultura e turística capixaba, e que ruma firme para o seu V Centenário, 1535/2035.

Por Manoel Goes – curador cultural da PMVV, escritor e diretor no IHGES Instituto Histórico e Geográfico do ES

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