Um marco para o resgate e manutenção da história capixaba! Na noite desta quinta-feira (29), a Prefeitura de Vitória inaugurou as obras de restauro do Viaduto Caramuru, no Centro de Vitória. Iniciaram em fevereiro deste ano, com investimento de R$ 841 mil, as obras foram concluídas no prazo estipulado.

A secretaria de Cultura promoveu uma bela festa para a inauguração da restauração do Caramuru. Atores usando roupas da década de 20 do século passado passeavam entre os convidados e dançavam ao som do grupo Três Elementos, que executaram composições de Choro – gênero musical típico do Brasil. O secretário de Cultura d capital, Edu Hening, lembrou que parte da história da cidade de Vitória pode ser contada a partir do viaduto Caramuru.

O prefeito Lorenzo Pazolini contou que o desafio era reproduzir exatamente a imagem do viaduto por ocasião de sua construção, na década de vinte do século passado. “Este local onde o viaduto está construído testemunhou disputas homéricas com a tentativa de invasão dos holandeses e a disputa entre peróas e caramurus, devotos de São Francisco. Tudo isso está contado nos livros de história. Mas agora isso vai sair dos livros. Agora, podemos trazer os alunos da rede municipal de ensino e vamos poder contar a história ao vivo”, comemorou o prefeito.

Moradora desde 1944 – exatamente ao lado do viaduto Caramuru em uma casa construída pelo pai – Cecília Nascif disse estar encantada com a restauração. “Iniciando pelos operários, o engenheiro da obra e o prefeito Lorenzo Pazolini estão de parabéns. Essa restauração – não foi uma reforma, foi uma restauração – foi realizada de forma muito criteriosa. Impermeabilizaram todo o viaduto e depois reconstituíram com as mesmas características da época”, disse.

“Todos os nossos monumentos arquitetônicos que contam a história do Espírito Santo e da cidade de Vitória estão aqui no Centro. São igrejas, escadarias, estátuas e prédios. É um patrimônio maravilhoso. Por exemplo: a escadaria São Diogo, na praça Costa Pereira, os degraus são blocos inteiros de granito. É um patrimônio público que não podemos abandonar. Temos os outros bairros, que têm os seus valores, mas todo o patrimônio histórico da cidade está no Centro”, completou Cecília Nascif, revelando um olhar de quem há décadas desfruta das belezas arquitetônicas do bairro onde mora.

O presidente da Associação de Moradores do Centro de Vitória – Amacentro – Lino Feletti, disse que o empreendimento era uma necessidade que tinham há um bom tempo. “Várias administrações passaram e não cuidaram do Centro. Estamos muito felizes com essa restauração. Foi uma obra rápida e sem nenhum incômodo para a população residente no entorno. A Prefeitura de Vitória está de parabéns”.

Alexandre Furieri Rodrigues, morador há 60 anos, disse que oito bairros esperavam pela obra. “Como morador e liderança comunitária fica o nosso agradecimento. Falta só trazer o bondinho que está parado lá em Vila Velha”, sugeriu.

Max Tristão, residente na Vila Rubim afirmou que devemos preservar o Centro de Vitória. “Foi no Centro onde tudo começou. Temos que preservar. As restaurações do viaduto Caramuru e do Mercado da Capixaba são iniciativas do poder público para reativar a economia do bairro”, explicou.

Filha de um dos fundadores do tradicional bar Santos, Antônio João Ferreira, Rita de Cássia Ferreira, afirmou que o viaduto Caramuru “é um patrimônio histórico que a obra de restauração vai preservar por muitos anos. Somos gratas a essa gestão que está valorizando a área central da cidade com essas obras”, agradeceu.

O concreto que cobria o tabuleiro do viaduto foi completamente retirado até chegar no concreto da estrutura do equipamento. Uma manta asfáltica foi aplicada, impermeabilizando o tabuleiro, e uma nova camada de concreto foi aplicada sobre a manta asfáltica.

Os trilhos originais foram lixados no local e receberam uma camada de verniz.

Histórico

Essa rua é uma das mais emblemáticas da história da cidade de Vitória. Inicialmente denominada Rua do Fogo, a atual Caramuru foi palco de uma batalha entre locais e invasores holandeses, em que os últimos foram expulsos.

Foi somente em 1872, que a Rua do Fogo veio a ser nomeada Rua Caramuru. No início da década de 1930, essa, que então era uma viela, foi substituída por uma rua de quinze metros de largura, dando acesso à Cidade Alta. Para tanto casas antigas foram demolidas no local da rua, sendo antes desapropriadas amigavelmente. O Viaduto foi construído na gestão do governador Florentino Avidos (1924- 1928).

O Viaduto Caramuru constitui o único exemplar de estrutura elevada, do tipo viaduto, remanescente do século XX no município de Vitória. Foi construído sobre a rua de mesmo nome e interliga as ruas Francisco Araújo e Dom Fernando. Ele consiste num marco de ligação da parte baixa da cidade com seu núcleo fundacional, a chamada Cidade Alta.

Inicialmente chamado de Viaduto de São Francisco, foi construído entre os anos de 1924 e1927, no governo de Florentino Avidos. Por sua relevância histórico-cultural, o Viaduto Caramuru foi identificado como de interesse de preservação histórica, no grau de proteção integral primária pela Lei 3.158/84, primeiro Plano Diretor Urbano de Vitória, classificação esta que se mantém até os dias atuais no PDU vigente, a Lei 9.271/2018.

Curiosidades da Obra:

Granilite

Por intervenção das irmãs Cecília e Bernadete Nascif, residentes em uma das cabeceiras do viaduto, com a concordâncias das projetistas da Sedec, as placas granito que seriam instaladas na parte inferior do viaduto e nas ilhas formada pelas calçadas das colunas que sustentam o tabuleiro foram substituídas por placas de granilite 30 x 30 centímetros, conforme modelo original. O projeto previa a substituição das placas de granilite em função da durabilidade do granito.

Guarda-corpo

Parte do guarda corpo existente em concreto estava danificado. Um serralheiro foi contratado para fazer uma forma metálica e réplicas das peças foram concretadas e instaladas em substituição às peças danificadas.

Postes metálicos

Dos seis postes originais somente cinco estavam no local. Todos foram levados para a fundição Fund-Arte em Água Doce do Norte, onde foram lixados e receberam pintura na cor Bonze Anjo. Uma das peças originais serviu de modelo para a fundição de uma réplica, que ocupou o lugar do sexto poste, que não foi encontrado.

Ladrilhos

Uma empresa de Vila Velha confeccionou réplicas dos ladrilhos hidráulicos dos passeios – calçadas. Algumas peças originais existentes no piso, no modelo casco de tartaruga, serviram de molde para as formas com as quais réplicas foram produzidas e instaladas.

São R$ 54 milhões investidos no Centro/Parque Moscoso

Obras em execução no Centro: R$ 29 milhões
• Restauro do Mercado da Capixaba e Viário da rua Araribóia
• Construção da EMEF São Vicente de Paulo
• Restauro da Escola de Física

Obras concluídas no Centro: R$ 24 milhões
• Recuperação de Muro de Contenção na praça Hilderico Araújo
• Contenção de encosta na escadaria Lourival Ferreira
• Reforma do Parque Municipal Gruta da Onça
• Contenção na rua Barão de Monjardim
• Residencial Santa Cecília

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