Na madrugada do dia 5 de fevereiro, o veleiro Rajadão iniciou uma expedição de volta ao mundo direcionada a desenvolver pesquisas, ações e estudos relacionados à sustentabilidade e à preservação dos oceanos. A iniciativa está sendo realizada pelos criadores do Projeto Rajada, os velejadores capixabas Bruno Martinelli dos Santos e Eliz Tosi Modolo, e tem o patrocínio da ArcelorMittal, via Lei de Incentivo ao Esporte Capixaba (LIEC).
O Projeto Rajada tem conexão com a Década do Oceano (2021/2030), iniciativa proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conclamar todos os países a pensarem e agirem em prol do ecossistema marinho-costeiro. A expedição também foi planejada para atender ao Objetivo 14 – Vida na Águas –, que integra os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Ao longo da expedição, serão realizadas diferentes atividades de pesquisa com resultados que representam a contrapartida ao investimento, beneficiando a sociedade, o desenvolvimento de pesquisas e a conscientização ambiental.
Junto com a patrocinadora ArcelorMittal, o Projeto Rajada vai utilizar um produto exclusivo da empresa – o aço revestido com Magnelis – e realizará ações de educação ambiental e interatividade com as comunidades dos locais por onde o veleiro vai passar, além de diferentes pesquisas envolvendo tecnologia e sustentabilidade.
“Utilizamos aço revestido de Magnelis para construir a base estrutural dos painéis solares que geram a energia do Rajadão. É um tipo de aço que tem maior resistência à corrosão, mantendo as características que conferem maior sustentabilidade, como leveza e durabilidade, sendo muito apropriado para o ambiente marinho”, explica Bruno Martinelli dos Santos.
Ainda em relação aos estudos voltados ao meio ambiente, o Projeto Rajada desenvolverá um aplicativo para monitoramento e identificação de resíduos no mar ao longo do trajeto, possibilitando a criação de um banco de dados com tipo de material, origem, rota e outras características. Outro estudo focará no potencial de reaproveitamento de recursos dentro da embarcação, principalmente a água, podendo gerar sinergia com os estudos desenvolvidos pela ArcelorMittal para instalação da planta de dessalinização.
A principal contrapartida do Projeto Rajada com o Governo do Espírito Santo é elaborar um relatório com indicações de ações de melhoria da estrutura da costa capixaba para a realização de atividades náuticas.
“A partir dos estudos que já desenvolvemos e da observação e compilação de dados das experiências bem-sucedidas encontradas durante a viagem, vamos indicar ações que poderão aumentar a atratividade do litoral do Espírito Santo. A ideia é que esse relatório contribua para orientar investimentos e políticas públicas de incentivo à realização de atividades esportivas e recreativas como vela, remo, natação e pesca, mostrando como fazer isso de forma sustentável, criando, adicionalmente, uma maior dinâmica entre as cidades e o mar”, explica a velejadora que também é urbanista Eliz Tosi Modolo.
Até março, o Rajadão navegará pela costa brasileira até chegar à capital de Pernambuco, Recife, último ponto do trajeto em território brasileiro. Em seguida, irá para Trindade e Tobago, onde fará uma parada técnica para então cruzar o Mar do Caribe e fazer a transição para o Oceano Pacífico pelo Canal do Panamá.
Os destinos seguintes serão o norte da Austrália e a Indonésia, de onde o veleiro capixaba vai iniciar o retorno ao Oceano Atlântico, passando pelo Canal de Suez e cruzando o Mediterrâneo, ou dando a volta na costa da África, a depender das condições climáticas. A etapa final, chegando a Vitória, está prevista para acontecer no final de 2024.