Theatro Carlos Gomes é reinaugurado após dois anos de restauro e volta a ser símbolo da vida cultural capixaba
Após dois anos de obras de restauro e readequação, o Theatro Carlos Gomes, um dos mais importantes patrimônios culturais do Espírito Santo, reabriu oficialmente suas portas neste sábado (22). Localizado na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, o teatro inaugurado em 1927 renasce após um processo minucioso que devolveu ao monumento sua identidade estética, histórica e arquitetônica.
Projetado pelo arquiteto autodidata italiano André Carloni, inspirado no Teatro Alla Scala de Milão, o Carlos Gomes passou por intervenções que resgataram sua originalidade e preservaram elementos raros do ecletismo arquitetônico. O investimento total de R$ 20 milhões — resultado de uma parceria entre o Governo do Estado, o Instituto Modus Vivendi, o BNDES e a EDP, via Lei Rouanet — garantiu a revitalização completa do espaço.
A reinauguração reuniu uma multidão na Praça Costa Pereira, onde a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES) recebeu o cantor capixaba Silva, nome de destaque da nova MPB. Enquanto o espetáculo acontecia na área externa, o público pôde circular pelos ambientes internos do teatro e acompanhar a intervenção artística da artista Flávia Junqueira.
O governador Renato Casagrande anunciou, durante o evento, novidades para essa nova fase do Carlos Gomes:
– programação cultural já definida de dezembro de 2024 a março de 2026;
– abertura, nas próximas semanas, do edital de concessão da cafeteria;
– início das visitas mediadas duas vezes por semana.
“Noventa e nove anos depois de sua inauguração, estamos reinaugurando o Theatro Carlos Gomes totalmente restaurado. Resgatamos um espaço que sempre foi o centro cultural do Espírito Santo. A partir de agora, teremos uma programação forte e vamos fortalecer ainda mais o Centro da nossa Capital”, afirmou o governador, ao lado da primeira-dama Maria Virginia.
Para o secretário da Cultura, Fabricio Noronha, o teatro simboliza a força da identidade capixaba.
“Esta entrega representa não apenas a recuperação de um patrimônio arquitetônico e afetivo, mas também o compromisso do Governo com o futuro da criação artística no Estado. Queremos que o Theatro volte a pulsar como um espaço vivo, aberto a todas as linguagens”, destacou.
A presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel, detalhou os avanços técnicos: novos elevadores (para orquestra e plateia), climatização, banheiros acessíveis, restauro do lustre de cristal e instalação de uma cafeteria com vista privilegiada para a praça. “Cada detalhe foi pensado para requalificar o teatro sem perder sua essência”, afirmou.
O BNDES e a EDP, financiadores do projeto, ressaltaram o impacto da obra na preservação da memória cultural e no desenvolvimento sociocultural do Estado.
Entre os achados da obra, destacam-se:
- douramentos originais em camarotes, proscênio e capitéis, recuperados com folhas de ouro;
- marmorizações e velaturas ocre, técnicas tradicionais de fingimento usadas desde o Renascimento;
- a cor camurça, identificada em prospecção estratigráfica como a tonalidade original de 1927;
- janela de prospecção revelando parte do piso original do teatro, antes da inclinação da plateia.
A fachada — adornada por Apolo, figuras femininas, busto de Carlos Gomes e esculturas que representam diferentes linguagens artísticas — também foi totalmente restaurada, incluindo a reposição de adornos perdidos ao longo do tempo.
O teatro recebeu ainda:
- novo sistema de iluminação cênica e sonorização discreta e de alta qualidade;
- elevador para a orquestra;
- cortina corta-fogo;
- mobiliário histórico conservado;
- área administrativa modernizada;
- acessibilidade ampliada com elevadores, plataforma elevatória e banheiros acessíveis;
- iluminação externa monumental em LED.
O Theatro Carlos Gomes, que já recebeu ícones como Bibi Ferreira, Paulo Autran e Fernanda Montenegro, volta agora com estrutura renovada para sediar grandes espetáculos, impulsionar a produção artística e fortalecer a vida cultural no Centro de Vitória.
