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Tarifa dos EUA ameaça exportações do Espírito Santo

Mais de 300 empresas exportadoras do Espírito Santo, a maioria de pequeno e médio porte, enfrentam um momento de grande apreensão com o recente aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos. Esses negócios geram mais de 20 mil empregos diretos no estado, e o impacto das medidas americanas já preocupa o governo capixaba. O vice-governador Ricardo Ferraço, na manhã desta quinta-feira (31), em entrevista a uma grande emissora de tv em Vitória,   destacou que, embora alguns produtos, como quartzito — que representa quase 50% das exportações estaduais no segmento de rochas ornamentais — tenham sido excluídos da lista tarifária, setores importantes como café, gengibre, frutas, pimenta-do-reino e pesca não tiveram o mesmo benefício, o que pode prejudicar fortemente pequenos produtores e empreendedores familiares.

Ferraço explicou que o governo americano começa a reconhecer que as tarifas não trazem prejuízo só para o Brasil, mas também para a própria economia dos EUA. No caso do café, por exemplo, a cada dólar exportado em grão cru, geram-se cerca de 40 dólares na economia americana, movimentando mais de 130 mil empregos. Por isso, o diálogo com autoridades e consumidores dos EUA está em andamento para ampliar a exclusão de produtos da tarifa.

Uma reunião na embaixada do Brasil em Washington, prevista para esta sexta-feira, vai reunir representantes dos setores de café e rochas naturais para tentar avançar nessa agenda. Segundo o vice-governador, essas negociações têm sido conduzidas diretamente entre produtores capixabas e consumidores americanos, independentemente do governo federal, na tentativa de preservar empregos e manter as cadeias produtivas.

O Espírito Santo também está atento a segmentos como a pesca, gengibre e pimenta-do-reino, que envolvem muitos pequenos produtores. O estado é o maior produtor e exportador nacional de gengibre, com municípios como Santa Leopoldina, Santo Amaro e Domingos Martins fortemente dependentes dessa atividade. Para esses produtores, o governo estadual prepara medidas de apoio e solidariedade para minimizar eventuais prejuízos.

Entre as iniciativas previstas estão a negociação de créditos acumulados de ICMS para empresas que comprovem impacto na produção e garantam a manutenção dos empregos, a oferta de linhas de crédito com prazos e carência favoráveis via bancos estaduais, e até a possibilidade de renda mínima emergencial para famílias afetadas.

Embora o governo busque alternativas, a realocação de produtos para outros mercados enfrenta desafios técnicos e comerciais, já que muitos foram desenvolvidos para atender padrões específicos do mercado americano, que tem exigências rigorosas em termos de segurança sanitária e qualidade.

O vice-governador também explicou que o mercado interno não é capaz de absorver totalmente essa demanda reprimida, e que o preço pago no exterior, especialmente nos Estados Unidos, é mais vantajoso para garantir a sustentabilidade das atividades e remuneração dos trabalhadores.

A articulação capixaba continua forte, com o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Café, Márcio, natural do Espírito Santo, atuando diretamente junto a associações americanas e ao parlamento dos EUA para defender os interesses do setor. O café capixaba, com suas características únicas de aroma, doçura e acidez, tem um público fiel nos Estados Unidos e sua falta pode gerar sérios impactos para a economia americana também.

Diante do cenário de incertezas, o governo do Espírito Santo reforça o compromisso de trabalhar de forma incansável para ampliar as exclusões das tarifas e garantir apoio aos pequenos produtores e empresários locais. “Ninguém ficará desamparado neste momento difícil”, afirmou o vice-governador Ricardo Ferraço, destacando a importância de um governo organizado e com capacidade de investimento para enfrentar a crise.

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