Economia

Semana mais curta de trabalho faz bem à saúde mental, desde que a carga horária também seja reduzida

Estudos científicos relativos à saúde mental têm comprovado ser benéfico a todos os trabalhadores, além de ser uma tendência mundial

Você sabia que a redução da carga horária semanal de trabalho, resulta em mais energia, disposição, produtividade e bem estar. Em semanas curtas, com feriados esticando folgas, a alegria toma conta dos trabalhadores que fazem planejamento meses antes para a folga, porém, se a diminuição da carga de trabalho não acompanhar os dias que sobram, o resultado é totalmente ao contrário, ou seja, stress a caminho para dar conta dos afazeres.

“Se a carga semanal estava distribuída para 5 dias e se reduz a jornada de trabalho para 4 dias, mantendo-se a carga de trabalho original, a conta não fecha. O trabalhador, nesse caso, terá que fazer tudo que fazia em 5 dias, agora em 4 dias. Isso gera sobrecarga de trabalho, um dos fatores que mais promovem Burnout e adoecimentos mentais no contexto ocupacional”, afirma o Dr Marcos Mendanha, médico, diretor e professor da Faculdade CENBRAP.

Para Mendanha, qualquer mudança exige preparação e treinamento porque ao reduzir a jornada de trabalho é necessário preparar todos os funcionários para essa mudança. Essa preparação exige reestruturação na carga de trabalho otimizando os processos com consequente diminuição do tempo exigido para cada um deles. Quando tudo isso acontece de forma eficaz e integrada, os resultados tendem a ser muito positivos.

Independente de feriados – em outros países como a Inglaterra, por exemplo – um dia de folga do trabalho já é uma realidade, porém,  para isso acontecer no Brasil é preciso um debate profundo sobre o assunto, diz o Dr Marcos Mendanha, além de uma reflexão sobre o que os trabalhadores brasileiros farão com esse dia de folga ao longo do tempo.

Para ele, essa pergunta importa porque outros vínculos profissionais, como o da saúde, por exemplo, são beneficiados com descanso maior na jornada 12×36, mas na verdade, acabam aproveitando a folga para trabalhar em outro lugar.

“Hoje, muitos fazem o inverso do descanso com vários vínculos estabelecidos, alguns acabam trabalhando 36 horas e descansando 12, o que prejudica a saúde mental destes trabalhadores”, finaliza Mendanha.

Sobre Marcos Mendanha

É médico, diretor e professor da Faculdade CENBRAP, onde realiza e coordena estudos, cursos e eventos sobre Psiquiatria e saúde mental do trabalhador há mais de 10 anos. É especialista em Medicina do Trabalho e também em Medicina Legal e Perícia Médica.

É advogado especialista em Direito do Trabalho; pós-graduado em Filosofia; e professor convidado da pós-graduação em Medicina do Trabalho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).

É autor dos livros “O que ninguém te contou sobre Burnout – Aspectos práticos e polêmicos” (Editora Mizuno), “Medicina do Trabalho e Perícias Médicas – Aspectos práticos e polêmicos” (Editora LTr), e “Limbo Previdenciário Trabalhista – Causas, consequências e soluções à luz da jurisprudência comentada” (Editora Mizuno); e coautor de várias obras. É coordenador do Congresso Brasileiro de Psiquiatria Ocupacional (CBPO) e do Congresso Brasileiro de Medicina do Trabalho e Perícias Médicas (CBMTPM).

 

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