Economia

Saúde capixaba renova equipes e aposta em jovens para sustentar crescimento do setor

O setor de saúde do Espírito Santo tem mostrado fôlego mesmo em um cenário de maior cautela no mercado de trabalho. Em outubro, enquanto diversos segmentos enfrentaram retração, a área manteve saldo positivo de empregos formais, impulsionada principalmente pela contratação de profissionais mais jovens. O movimento revela uma renovação silenciosa, porém consistente, da força de trabalho em um dos setores mais estratégicos da economia capixaba.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), analisados pelo Connect Fecomércio-ES, indicam que o setor registrou 2.502 admissões e 2.369 desligamentos no mês, resultando na criação líquida de 133 novos postos de trabalho. Mais do que o número absoluto, chama atenção o perfil etário das contratações: trabalhadores entre 18 e 29 anos responderam por 232 vagas, concentrando praticamente todo o saldo positivo.

Na outra ponta, as faixas etárias mais elevadas apresentaram redução no número de vínculos. O grupo de 40 a 49 anos perdeu 91 postos, enquanto profissionais entre 50 e 64 anos e acima de 65 também registraram quedas. O comportamento sugere ajustes estruturais, que podem estar ligados a aposentadorias, reorganizações internas ou à substituição gradual de quadros.

Para o coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, André Spalenza, o cenário reflete uma estratégia clara das empresas do setor. “Há uma busca por perfis mais jovens, que geralmente conciliam maior disponibilidade com custo médio menor. Ao mesmo tempo, vemos movimentos naturais de saída entre trabalhadores mais experientes”, avalia.

Outro traço marcante do mercado de saúde permanece: a predominância feminina. As mulheres ocuparam a maior parte do saldo positivo, com 87 vagas, contra 46 preenchidas por homens. Ainda assim, o crescimento das admissões masculinas aponta para uma diversificação gradual das equipes, especialmente em áreas técnicas, administrativas e operacionais.

A escolaridade também ajuda a desenhar o perfil demandado. A maior parte das novas vagas foi preenchida por profissionais com ensino médio completo e superior completo, reforçando a exigência por qualificação em um setor cada vez mais tecnológico e especializado.

Entre as atividades, o atendimento hospitalar segue como principal motor do emprego na saúde capixaba. O segmento criou 116 vagas líquidas em outubro e concentra atualmente mais de 36,7 mil vínculos formais no estado. Atividades ambulatoriais, como consultórios médicos e odontológicos, também tiveram desempenho positivo, assim como os serviços móveis de urgência e remoção de pacientes, ainda que em menor escala.

No acumulado de 12 meses, o avanço é ainda mais expressivo. Entre outubro de 2024 e outubro de 2025, o número de empregos na atenção à saúde humana cresceu 2,9%, percentual superior ao observado no conjunto do setor de serviços. “A demanda por cuidados assistenciais é contínua e menos sensível às oscilações econômicas de curto prazo, o que garante maior estabilidade ao setor”, explica Spalenza.

Regionalmente, Vitória voltou a liderar a geração de empregos na área, com saldo de 70 vagas, reflexo da concentração de hospitais, laboratórios e serviços de alta complexidade. No interior, Linhares e Colatina se destacaram, confirmando a expansão e a consolidação de polos regionais de saúde fora da Grande Vitória.

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