Nos últimos dias, os bebês múltiplos Theo, Henry e Maytê foram transferidos do São Bernardo Apart Hospital, em Colatina, para o Vitória Apart Hospital, na Serra. A mudança foi planejada pela equipe médica dos dois hospitais a fim de possibilitar a evolução do quadro clínico dos bebês. Mas como esse transporte foi feito? Como funciona uma UTI móvel?
Presente nos dois hospitais, esse tipo de ambulância conta com um sistema avançado para garantir atendimento eficiente e seguro no transporte de pacientes adultos, pediátricos e neonatais. O enfermeiro e responsável técnico por esse serviço no São Bernardo Apart hospital, Fred de Mello participou efetivamente da transferência dos bebês e explica que a ambulância possui materiais e equipamentos que permitem o atendimento pré-hospitalar, inter-hospitalar, monitoramento dos pacientes e realização de procedimentos invasivos.
“A UTI móvel possui ventilador mecânico, medicações de emergência, sedativos, desfibrilador externo automático, cárdio desfibrilador, bomba de infusão contínua e um monitor multiparamétrico, que mostra frequência respiratória, saturação e frequência cardíaca do paciente. Além disso, os bebês estavam em uma incubadora de transporte aquecida, que mantém a temperatura corporal adequada durante o transporte e garante a acomodação da criança para que ela não sinta o balanço da estrada. Tudo voltado para o atendimento de um paciente crítico”, detalha o enfermeiro, que é pós-graduado em urgência e emergência.
Quatro profissionais estavam dentro da ambulância: um condutor socorrista (motorista), um enfermeiro responsável técnico, um técnico de enfermagem socorrista e um médico especialista, nesse caso um pediatra neonatologista. A atuação correta de todos os profissionais é fundamental para o sucesso de transferência.
“Todo transporte tem um risco de movimentação, freia, acelera, isso altera a hemodinâmica do paciente. Mas são riscos calculados. Eles estavam estáveis hemodinamicamente, o que possibilitou o transporte. É primordial que o condutor saiba dirigir de forma correta para manter essa hemodinâmica estável. O motorista que realizou o transporte dos bebês foi escolhido a dedo”, afirma Fred, antes de completar:
“São pacientes graves, mas estáveis. A decisão não foi tomada de forma prematura, foi uma decisão estudada, discutida com toda a parte médica. Quando se tomou a decisão de transportar as crianças, foi traçada uma logística de forma que elas se mantivessem estáveis durante o trajeto, e isso foi feito. Todas foram entregues de forma estável no Vitória Apart”.
Com oito anos de experiência nesse tipo de serviço, Fred já atuou no transporte de muitos bebês e garante que os traslados, de forma geral, são tranquilos. “O principal é possibilitar que o paciente tenha uma evolução boa no prognóstico. Nem sempre conseguimos deslocar equipamentos e especialistas, e nesse caso transportamos o paciente porque facilita o processo. O risco existe, mas quando a gente discute e calcula, tudo dá certo. Perdi as contas de quantos recém-nascidos a gente transportou e possibilitou a melhora na vida deles”, conclui.