Levar o filho ao médico, escola ou se preocupar com o futuro da criança. O século XXI está aí para mostrar que a parentalidade não precisa, e nem deve, ser exercida apenas pela mãe. É justamente em torno da relação entre a figura paterna e os filhos que a psicóloga e mestre em Educação, Ingrid Konrath, põe o foco em Paternidade – Um percurso para aprender e ensinar sobre o ser pai.
O livro resulta de uma pesquisa de campo originada na dissertação de mestrado em Educação com ênfase em Psicanálise e Cultura. Neste estudo, para buscar entender melhor as complexidades da paternidade, a autora conversou com pais para saber o que sentem e têm a dizer sobre as experiências e responsabilidades de estar neste papel. A partir deste íntimo diálogo com homens de diversas idades e, principalmente, com filhos na primeira infância, Ingrid desvenda questões cruciais sobre convivência, dúvidas, e desafios que enfrentam.
Os oito capítulos da publicação são construídos a partir de fragmentos de consciência que os pais têm das vivências com os filhos. A autora percorre temas como a função simbólica da figura paterna, as responsabilidades, carência e ausência. Também entrelaça a pesquisa com dados mundiais e nacionais sobre comportamento familiar e faz análise das imposições sociais de progenitor.
A especialista identifica, por meio da psicanálise, que a relação paterna reside muito no silêncio masculino, na escassez de diálogo e na dificuldade de expressão neste campo. A principal observação é, no entanto, que o pai contemporâneo deseja mudar, ser uma figura mais sensível, afetiva e dispor de mais tempo para a criação e o lazer em família. Ele começa a traçar um caminho de rejeição do tradicional pai “durão”, frio e distante, uma provável referência da própria infância.
Cabe aos pais a tarefa de romper com o silêncio de gerações de homens.
Para isso, é preciso poder suportar a frustração, a decepção e a rejeição de
não ser, muitas vezes, entendido, mas é a possibilidade de ser de “carne e
osso” e não mais apenas a imitação de um ser abstrato. (Paternidade, pág. 90)
O livro não apenas explora teorias e estatísticas, mas busca trazer significado para o cotidiano. A autora usa metáforas como a ideia de “deixar o filho voar” para refletir sobre o panorama atual, em que os pais se encontram perdidos na complexa tarefa de educar em um mundo repleto de influências, especialmente da internet. Ancorada em Freud, Lacan e Laplanche, ela entrelaça psicanálise e experiências reais para trazer compreensão a familiares, educadores e profissionais da área da saúde mental.