Saúde

Metodologia de neuropsicopedagoga do Espírito Santo desenvolve coordenação motora

Segurar copos e talheres, escrever com letra legível, caminhar, subir e descer escadas, dirigir e praticar esportes são atividades que fazem parte do cotidiano. Pessoas com pouca habilidade motora, no entanto, têm dificuldades para executar essas e outras tarefas simples, o que pode causar constrangimentos, baixa autoestima e até problemas de relacionamento. A boa notícia é que é possível desenvolver a coordenação motora ao longo da vida.

Criada pela neuropsicopedagoga e psicomotricista Lu Braga, a metodologia “Coordenando-se” aposta na associação de figuras, cores e partes do corpo para a realização de atividades que implicam em deslocamento. Indicado para crianças a partir de três anos, idosos ou pacientes em reabilitação, o inovador método inclui exercícios que trabalham coordenação motora, memória, lateralidade, concentração, conscientização das partes do corpo, agilidade, ritmo, criatividade, socialização e trabalho em equipe. Todos são descritos minuciosamente nos três livros já publicados por Lu Braga e contribuem para o trabalho de psicopedagogos e psicoterapeutas.

“Áreas como Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Terapia Ocupacional e Psicomotricidade já entenderam que o corpo é o primeiro instrumento do processo de aprendizado de uma criança. Além disso, diversas pesquisas apontam que uma criança bem coordenada é mais bem aceita e acolhida socialmente. Aquelas com poucas habilidades motoras esbarram constantemente nos amigos, se envolvem em acidentes ou dão topadas e, passam, infelizmente, por pequenos atos de rejeição, como quando é a última a ser escolhida para jogar em um time”, ressaltou a profissional, que atua há mais de 20 anos no Espírito Santo.

Desde o lançamento do primeiro livro em 2016, Lu Braga, formada em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais e em balé clássico pelo Palácio das Artes de Minas Gerais, já ministrou 104 workshops para 2.493 participantes em 207 cidades de 23 estados brasileiros e no Distrito Federal. Já são, ao todo, mais de 500 profissionais credenciados a aplicarem o método “Coordenando-se” em seus locais de trabalho, como clínicas e escolas.

Uma das credenciadas é a psicopedagoga e psicomotricista Letícia Leão, que atua em uma clínica multidisciplinar em Vila Velha e atende crianças autistas. Segundo a profissional, a Coordenando-se forneceu ferramentas e estratégias criativas para trabalhar a memória, a atenção, o equilíbrio emocional, o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva e expandir o potencial de aprendizado de cada criança.

“O corpo, a mente e as emoções estão interligados. Toda entrada de sentimentos se dá pelos sentidos e toda saída é psicomotora, ou seja, se dá pelo raciocínio e corpo. Atividades lúdicas e divertidas como as propostas pela metodologia são muito importantes porque conectam os sentidos e a criança sente alegria e entusiasmo. Ela se diverte e fica com mais vontade de aprender o que está sendo proposto”, conta Letícia.

A neuropsicopedagoga e mestre em Educação Allana Resende também aplica a metodologia durante o atendimento a crianças com dificuldades de aprendizagem. “A Coordenando-se permite uma visão holística sobre o ser humano, ou seja, em conjunto, como um todo, não só em etapas. Isso é muito importante para o meu trabalho. Com a metodologia, a criança participa ativamente das atividades e é possível perceber seu interesse e sua motivação. A forma como ela se expressa vai mostrar se ela entendeu ou não as instruções. Dessa forma, trabalhamos a memória operacional e a autorregulação para que ela antecipe e corrija os próprios erros. O objetivo é que a atividade, que inicialmente era difícil, se torne automática e seja realizada de maneira correta”, ressaltou Allana.

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