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Matias Brotas abre primeira individual ‘Paisagem ainda que’ do artista Manfredo de Souzanetto no ES  

A abertura da mostra acontece dia 25 de maio com exibição do documentário que conta a vida e processo criativo do artista mineiro, além de um bate-papo com Juarez Gustavo Soares, primeiro capixaba a chegar ao cume do Monte Everest

 A Matias Brotas arte contemporânea abre a primeira individual ‘Paisagem ainda que’ do artista Manfredo de Souzanetto no dia 25 de maio. Segundo o próprio artista, o nome da exposição foi propositalmente pensada para deixar em aberto o sentido da obra, abrindo um leque de interpretações e significados, ampliando assim a percepção do espectador, que tem um olhar desde os pigmentos naturais às madeiras como também ao formato das obras e a textura da superfície pictórica.

A exposição, que ficará aberta ao público para visitação gratuita de 26 de maio a 28 de julho, conta com uma curadoria de obras do artista que vai de desenhos a pinturas, esculturas, algumas delas trazendo uma simbiose entre diferentes materiais e suportes, uma característica marcante do trabalho do artista mineiro. Como bem pontuou o crítico e curador Agnaldo Farias sobre as obras de Manfredo: “uma pintura que abraça a escultura e vice versa. Elas se completam e ao mesmo tempo se destacam na sua individualidade. Nunca é um suporte passivo e não está ali para ser eclipsado pela matéria cromática.”

Manfredo é, certamente, um dos mais pertinentes e criativos artistas brasileiros contemporâneos. Iniciando sua trajetória nas décadas de 70/80, Manfredo desenvolveu uma linguagem específica e personalizada e é considerado um dos mais promissores de sua geração, tendo um amplo trânsito no Brasil onde vem construindo expressivo currículo, e na Europa, onde nos últimos anos tem exposto com regularidade. Os primeiros trabalhos que despertaram a atenção da crítica e do público foram os seus desenhos. Uma série sobre a paisagem mineira acompanhada do slogan “Olhe bem as montanhas”, marcou o olhar de mais de uma geração de mineiros e recebeu crônica especial do poeta Carlos Drummond de Andrade.

A partir dos anos 80 sua obra se desenvolveu como um jogo de virtualidade e concretude, onde muitas vezes a moldura ultrapassa o limite da pintura e o suporte se fragmenta, refletindo a busca de novas possibilidades. Usando pigmentos de terra, óxidos de ferro, resina acrílica, juta e madeira, constrói composições abstratas e geométricas de grande impacto visual; são obras em que a pintura é um dos elementos constituintes e que procuram atuar no espaço real, sem o filtro da representação, buscando a tridimensionalidade.

Há na sua obra um constante vai e vem entre a sensualidade da curva e a aresta viva do ângulo agudo, a vibração da cor e a tatilidade da matéria, onde passamos do surdo ao vivaz, do orgânico ao geométrico, em que as formas trabalhadas em volume como um corpo orgânico abstrato vão criando descontinuidades e variações, permitindo imaginar configurações a partir de uma estrutura fragmentada que invade o espaço, dinamizando-o.

No final dos anos 90 o significado da obra de Manfredo é ampliado pela utilização de materiais não pictóricos cujo objetivo é falar de cor, matéria e textura, vocabulário por excelência do fazer pictural, retirando da pintura seu caráter de superfície colorida. É também um trabalho que situa numa região fronteiriça entre a pintura e a escultura, o plano e o tridimensional, utilizando materiais como madeira, porcelana, vidro, couro, barbante, plástico, metais e pigmentos que vão produzir a cor e a matéria em seu trabalho.

Nas palavras do crítico e curador Agnaldo Farias, “é então necessário que eu defenda a trajetória poética de Manfredo de Souzanetto como uma depurada reflexão sobre a paisagem. Não é que cada obra de Souzanetto represente uma paisagem: cada obra é em si uma paisagem. Cada obra é um território de pequenas dimensões com contornos escondidos e que uma vez fixada numa parede, graças exatamente à sua irregularidade formal e à concretude das suas cores, transborda de seus limites, incorporando-a e perturbando sua frontalidade rígida e vertical”.

Documentário e bate-papo

A abertura da exposição contará também com a exibição do documentário (16”) que conta sobre a vida e processo criativo das obras de Manfredo. O artista comenta sobre seu retorno constante às suas origens, para se alimentar e se realimentar da fonte, onde terra, pedras, se tornam pigmento, e a paisagem ao redor inspiração, alimento. “Meu trabalho sempre dialogou com a terceira dimensão e se revela um jogo com a dinâmica da forma e a sua relação com o espaço. Porque a obra é construída, mas a forma definitiva ou temporária dela é determinada pelo espaço onde ela se coloca”, explica o artista.

Após a exibição do documentário, a galeria promove um bate-papo entre o artista Manfredo de Souzanetto e Juarez Gustavo Soares. Um dos primeiros trabalhos do artista que despertaram o olhar da crítica chamado de “olhe bem as montanhas” e que recebeu crônica especial do poeta Carlos Drummond de Andrade provoca essa aproximação com o universo sensível de Juarez, que além de ter sido um dos primeiros capixabas a colecionar a obra de Manfredo, possui uma relação única com a paisagem, afinal, ele foi o primeiro capixaba e o 24º brasileiro a chegar ao cume do Monte Everest. O encontro estabelece a necessidade do sentido de presença expresso através da relação com a paisagem, um mergulho por diferentes ângulos, um no âmbito pictórico e outro no âmbito de percurso de vida, de contemplação e transformação.

Empresário do setor imobiliário, membro do Conselho Superior da Ademi-ES e professor convidado pela Fundação Dom Cabral, Juarez é economista e mestre em Change pelo Insead, França. Além de suas atividades empresariais, Juarez se dedica hoje a uma nova paixão, ser um agente de transformação: compartilhar seus aprendizados nas montanhas, suas experiências profissionais e seus conhecimentos acadêmicos através de consultorias e palestras, inspirando e ajudando líderes, times e organizações a compreender e agir em um mundo em constante mudança.

Exposição “Paisagem ainda que” de Manfredo de Souzanetto na Matias Brotas arte Contemporânea

Abertura dia 25 de maio

16h – abertura | boas vindas

17h – exibição do Documentário sobre a vida e a obra do artista | 16”

Documentário sobre a obra do artista e sua metodologia de trabalho.

17:30h – conversa entre o artista Manfredo de Souzanetto e Juarez Gustavo Soares ( primeiro capixaba a chegar ao cume do Monte Everest)

19h – Vernissage

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