De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 70% dos brasileiros enfrentam dificuldades para dormir. Uma pesquisa publicada em 2022 na revista “Sleep Science” revelou que essas dificuldades incluem iniciar ou manter o sono, bem como despertares precoces. Os resultados mostraram que 70% dos participantes apresentavam problemas de sono três ou mais vezes por semana.
Após a pandemia, houve um aumento significativo no uso de medicamentos para dormir no país, sendo o Zolpidem um dos mais populares. No entanto, a automedicação com este medicamento pode levar à dependência. Já foi demonstrado que condições como insônia, apneia do sono, ronco e despertares precoces frequentes podem contribuir para o desenvolvimento de ansiedade e depressão. Em resposta a essa situação, a Anvisa irá aumentar o controle para a compra deste medicamento a partir de agosto.
Para a especialista em Medicina do Sono, Dra. Jessica Polese, o sono está intimamente ligado à preservação da saúde mental. “Uma boa noite de sono, com qualidade e duração adequadas, preserva a saúde mental do ser humano”, afirma a médica
“Além disso, os distúrbios do sono podem aumentar a vulnerabilidade a infecções virais, desequilíbrios inflamatórios oxidativos/antioxidantes, e doenças metabólicas e cardiovasculares crônicas, como diabetes e obesidade”, explica Dra. Polese.
Ela destaca que, durante o sono, o cérebro fortalece emoções positivas e enfraquece as negativas. Problemas psiquiátricos e do sono afetam diretamente o bem-estar e a produtividade, resultando em prejuízos individuais e coletivos significativos.
Para combater esses problemas e promover uma boa saúde mental, é crucial manter uma higiene do sono adequada. Isso inclui:
- Seguir uma rotina regular para dormir.
- Evitar o uso de telas (computador, televisão, celular, tablet) próximo ao horário de dormir.
- Tentar relaxar antes de dormir, como ler um livro ou tomar um chá.
- Desligar-se de preocupações para iniciar o sono.
“Prestar atenção ao seu dia a dia, seguir uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos também são ações que se refletem em uma boa noite de sono”, destaca Dra. Polese.
Outro ponto que Dra. Polese alerta é a necessidade de conscientizar a população sobre a importância de buscar atendimento profissional para mitigar o sofrimento e o adoecimento relacionados aos distúrbios do sono. “É fundamental que as pessoas entendam que problemas de sono não devem ser ignorados e que procurar ajuda de um especialista pode fazer toda a diferença na qualidade de vida”, conclui.
Com mais controle sobre medicamentos para dormir e a promoção de hábitos saudáveis, espera-se que os brasileiros possam alcançar um melhor equilíbrio entre o sono e a saúde mental, diminuindo os altos índices de dificuldades para dormir.
