A apresentação de uma obra de literatura infantil para crianças merece atenção. Além da história propriamente dita, é preciso instigar a criança, provocar a sua curiosidade acerca do livro, de modo geral, e da obra, de maneira específica.
Sendo assim, explorar os elementos da capa, as biografias do autor e do ilustrador, e mesmo o processo criativo do livro, também é fundamental. Contextualizar o tema da obra com a rotina da criança pode se constituir dispositivo para que ela conte sobre suas próprias experiências, sobre suas próprias histórias, formule e compartilhe hipóteses sobre as pessoas, as coisas e o mundo.
“Ler com a criança, o que contribui para o processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil, amplia e fortalece o vínculo afetivo que se tem com ela. No futuro, ela poderá até não se lembrar da narrativa propriamente dita. Mas, sem dúvida, jamais se esquecerá da presença da pessoa, do tom da voz leitora que, carregada de sentidos, lia com ela”, enfatiza a escritora e professora Lilian Menenguci, autora de quatro livros voltados para o público infantil.
A escritora explica ainda que por essas e outras razões, o ato de presentear as crianças com livros contribui para o estímulo da leitura literária, desde agora, e para a construção de um país de leitoras e leitores, no presente-futuro. “É preciso assumir que, assim como o celular, o tablet, o computador, o livro infantil também é um bem cultural e social que abre portas e janelas para uma multiplicidade de mundos. Ele também é um portal para humanidades”, diz.
Com isso, nota-se que os adultos são as principais pontes que conectam as crianças aos diferentes objetos e bens culturais. Que ligam os pequenos aos diversos aparelhos e jogos eletrônicos, dessa forma é importante que os mais velhos também coloquem a criança pequena em contato com os livros infantis. Por conta disso, um dos desafios de quem escreve para crianças da atual geração é chegar aos adultos que convivem com elas.
“São as pessoas adultas – da família, da escola e da comunidade – as responsáveis pelo processo de mediação no encontro da criança com o livro e, por conseguinte, importantes na permanente formação de leitoras e leitores”, explica Lilian Menenguci.
De acordo com Lilian, a criança pequena aprende, inclusive, por meio de processos de imitação. “Então, se você é um leitor, se a sua criança observa você lendo, ela tomará essa experiência como referência para a sua forma de ser e estar leitora no mundo. Afinal, já dizia o provérbio, ‘um grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos”, diz.