Saúde

Junho Violeta reforça a importância da prevenção e diagnóstico precoce do Ceratocone

Campanha nacional chama atenção para doença oftalmológica que afeta milhares de brasileiros e pode comprometer gravemente a visão

O mês de junho ganhou uma cor especial na área da saúde: o Junho Violeta, dedicado à prevenção e combate ao Ceratocone, uma condição oftalmológica progressiva que atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil. Criada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a campanha tem como objetivo conscientizar a população sobre os sintomas, formas de tratamento e, principalmente, os cuidados que ajudam a evitar o avanço da doença.

oftalmologista Marcos Rogério Arantes Andião

O Ceratocone é uma enfermidade que provoca o afinamento e encurvamento da córnea, comprometendo a visão de forma gradual. De acordo com o oftalmologista Marcos Rogério Arantes Andião, especialista em córnea do CColhos, a doença costuma se manifestar entre os 10 e 25 anos de idade, podendo progredir por décadas.

“Ela causa uma deformação na estrutura da córnea – que é a lente natural localizada na parte anterior do olho”, explica Andião. “Um hábito muito comum, mas extremamente prejudicial, é coçar os olhos. Esse ato provoca microtraumas na córnea, tornando-a ainda mais frágil.”

Entre os principais sintomas do ceratocone estão embaçamento visual, imagens distorcidas, dificuldade com o brilho das luzes à noite, aumento progressivo do astigmatismo e redução na qualidade da visão.

Apesar de não ter cura, o ceratocone pode ser controlado com diagnóstico precoce e tratamento adequado, garantindo melhor qualidade de vida aos pacientes.

“O tratamento visa evitar a progressão da doença e melhorar a visão. Podemos utilizar óculos, lentes de contato especiais, implantes de anel intraestromal ou, em casos mais avançados, recorrer ao crosslinking de córnea, um procedimento que fortalece a estrutura corneana”, orienta o especialista.

Já o transplante de córnea é considerado apenas em estágios muito avançados, quando outras terapias não são mais eficazes.

oftalmologista Liliana Nóbrega

A prevenção está diretamente relacionada ao controle de hábitos e doenças associadas, como a rinite alérgica, asma e dermatites, que aumentam a tendência a coçar os olhos — fator de risco relevante para o ceratocone.

A oftalmologista Liliana Nóbrega destaca a importância da consulta com um especialista para avaliar a adaptação às lentes de contato e garantir a higiene adequada. “Com o agravamento da doença, o uso de óculos pode não ser suficiente. As lentes rígidas são mais indicadas para regularizar a superfície da córnea. Além disso, os procedimentos cirúrgicos também contribuem para melhorar a visão em casos moderados e avançados.”

O alerta também vale para crianças e adolescentes, principalmente se houver histórico familiar. Nesses casos, o acompanhamento oftalmológico deve ser frequente.

“O ceratocone geralmente se manifesta na infância ou adolescência. Quando a criança tem alergias e coça os olhos com frequência, aumenta o risco de desenvolver a doença. O ideal é tratar a alergia e evitar o ato de esfregar os olhos”, reforça Liliana.

O Junho Violeta é uma oportunidade para reforçar a importância do cuidado com a saúde ocular, muitas vezes negligenciada no dia a dia. O diagnóstico precoce pode evitar que milhares de brasileiros convivam com limitações visuais irreversíveis.

O recado dos especialistas é claro: consultas regulares ao oftalmologista, atenção aos sintomas iniciais, e o abandono do hábito de coçar os olhos são atitudes essenciais para conter o avanço do ceratocone e preservar a saúde dos olhos em todas as fases da vida.

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