Cultura

“Julho das Pretas”: Roda de conversa reúne escritoras capixabas

Para Jeovanna Vieira, que está afivelando as malas rumo à uma temporada no Oriente Médio, esse encontro com leitoras e leitores, em sua cidade natal, tem o peso de um lançamento. Foto: Karol Felício.

Jeovanna Vieira, autora do livro “Virgínia Mordida”, participará de uma roda de conversa presencial, no próximo dia 25 de julho, às 19 horas, para falar do seu romance de estreia e da sua entrada no mercado editorial. O livro será lançado pela Companhia das Letras, em data prevista para 2024. O encontro ainda contará com a participação da atriz e escritora, Suely Bispo, e da crítica literária e professora, Cibele Verrangia. A conversa entre elas, primeiras leitoras do manuscrito final entregue à editora, promete aguçar o interesse dos participantes pela leitura, à medida em que os assuntos de Virgínia Mordida serão pontuados e trechos serão lidos.

O convite, iniciativa do Coletivo Cine por Elas, surgiu pelo interesse da proponente, Fabíola Mozine, em levar para as frequentadoras do cineclube, o debate sobre as temáticas abordadas na obra de Jeovanna Vieira. O enredo da história é ambientado na intimidade de uma mulher negra e desvela, a dentadas, as violências psicológicas vividas pela personagem. Para Mozine, apresentar essa história a outras mulheres é conceder ferramentas para o processo de enfrentamento da violência ambígua. “A experiência da leitura convida a vasculhar nas nossas próprias histórias registros semelhantes”, reforça. “É uma alegria poder realizar essa roda de conversa exatamente no dia 25 de julho, data tão significativa para as mulheres negras latino-americanas e caribenhas, reunindo três escritoras que partem de lugares tão diferentes mas convergem na literatura”, completa.

Para Jeovanna Vieira, que está afivelando as malas rumo à uma temporada no Oriente Médio, esse encontro com leitoras e leitores, em sua cidade natal, tem o peso de um lançamento. “Tem um gosto diferente pra mim falar no meu território sobre Virgínia e também sobre as possibilidades que a escrita me oferece: fabular sem receio de registrar acontecimentos reais e entregar na página o que a história me pede, sem concessões”.

Na expectativa para se apresentar às participantes do “Livro por Elas”, a escritora provoca. “Eu não me aguento de vontade de contar a novidade que descobri há pouco, a de que é possível ser escritora. Vou chegar e, Oi, deixa eu me apresentar, sou exatamente uma de vocês e eu também tinha uma história pra contar”, ensaia.

Virgínia Mordida

A obra, chancelada por grandes nomes da literatura brasileira como Socorro Acioli, Giovana Madalosso, Marcela Dantés e Andrea Del Fuego e finalista do Prêmio Kindle de Literatura (2021), traz assuntos espinhosos sem correr o risco de virar panfleto. Virgínia Mordida vai muito além da violência e do abuso: o livro é um registro sobre as relações, um documento de referências de cultura popular, da ancestralidade, um convite à reflexões pessoais, mas também encontra momentos para as risadas. O enredo entrelaça a história da protagonista a de outras mulheres, que exercem um papel importante no processo de cura da personagem: o de rede de apoio.

Convidadas

Para falar sobre o livro, além da autora, também foram convidadas duas referências da cena literária capixaba: a crítica literária e professora Cibele Verrangia e a atriz e escritora Suely Bispo, que além de debater as temáticas do livro também vão falar sobre as estratégias adotadas por elas para se manterem produzindo de forma independente nos dias atuais.

Julho das Pretas

A roda de conversa integra a programação do “Movimento Julho das Pretas”, uma ação de incidência política de agenda conjunta e propositiva com organizações e movimentos de mulheres negras, organizações e coletivos de todo Brasil. O projeto é voltado para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade.

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