Com a crescente popularidade dos jogos online, a facilidade de acesso através de dispositivos móveis tem gerado preocupações significativas para as empresas e a sociedade em geral. Um simples toque na tela do celular pode ser o suficiente para realizar uma aposta, e isso tem impactado diretamente a produtividade no ambiente de trabalho. O juiz do trabalho, Dr. Cássio Moro, destaca que estudos recentes apontam uma redução no desempenho dos funcionários e, consequentemente, uma queda no faturamento das empresas, além de afetar a qualidade de vida dos trabalhadores.
Dr. Moro explica que as empresas estão cada vez mais conscientes desse problema. O vício em jogos online, como os de azar, pode levar a uma série de consequências econômicas e sociais graves. “A situação se torna uma bola de neve”, afirma o juiz. “O trabalhador perde produtividade, acaba não consumindo itens necessários para sua família, solicita antecipação de salário, e isso gera uma série de efeitos negativos.”
A legislação trabalhista brasileira, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prevê a dispensa por justa causa de trabalhadores que praticam habitualmente jogos de azar. Embora essa seja uma medida drástica, Dr. Moro ressalta a importância da conscientização e da criação de normas dentro das empresas para proibir tais práticas durante o horário de trabalho. “Advertir os funcionários sobre os riscos e as consequências desses jogos é fundamental”, enfatiza.
O impacto dos jogos online não se limita ao ambiente de trabalho. A prática frequente pode evoluir para um vício reconhecido como doença pelo Código Internacional de Doenças, exigindo tratamento médico e psicológico. Isso gera custos adicionais para a saúde pública e a previdência social, especialmente em um cenário onde as classes C e B são as mais afetadas.
Do ponto de vista econômico, a prática de jogos online em sites sediados em paraísos fiscais contribui para a perda de divisas, diminuindo a atividade econômica interna e, consequentemente, a produtividade das empresas. Esse ciclo negativo pode resultar em desemprego, aumentando os gastos do estado com seguro-desemprego e benefícios previdenciários.
A regulamentação dos jogos online no Brasil ainda está em discussão, com propostas de leis que visam não apenas a arrecadação de impostos, mas também a conscientização da população. “É crucial que o legislativo tenha em mente a importância de destinar recursos para a saúde pública e o bem-estar da sociedade”, destaca Dr. Moro.
Para os trabalhadores já afetados pelo vício, a orientação é clara: buscar ajuda imediatamente. Informar a empresa, procurar apoio psicológico e médico, e contar com o suporte da família são passos fundamentais. “A empresa pode promover a ajuda necessária e, se houver diagnóstico de doença, encaminhar o trabalhador ao INSS para um tratamento adequado”, conclui o juiz.
As empresas e a sociedade precisam estar atentas aos riscos dos jogos online, que podem afetar não apenas a produtividade no ambiente de trabalho, mas também a saúde e o bem-estar dos indivíduos envolvidos.