A indústria extrativa capixaba avança mais uma vez no acumulado do ano e cresce 2,6% de janeiro a abril deste ano, frente ao mesmo período de 2022. Esse crescimento foi puxado pelo aumento de produção de pelotas de minério de ferro.
Os dados foram compilados pelo Observatório da Indústria da Findes e fazem parte da pesquisa de Produção Industrial Mensal (PIM) do IBGE, divulgada nesta terça-feira (13/6).
Na comparação de abril com o mesmo mês de 2022, a indústria extrativa também se manteve positiva e cresceu 3,6%. O bom resultado foi motivado pelo aumento de produção de minério de ferro e de petróleo e gás natural. Segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de petróleo cresceu 14,1% e a extração de gás natural ampliou 7,1% no Estado nessa mesma comparação.
Já a indústria de transformação registrou variação negativa (-9,6%) com queda nos setores de fabricação de produtos de minerais não metálicos (-18,2%) e de metalurgia (-12,7%). Contrabalanceando o recuo, a fabricação de papel e celulose avançou 3% no período e produtos alimentícios 0,9%.
Indústria geral
No acumulado do ano até abril de 2023, a produção industrial capixaba recuou 2,4% em relação ao mesmo período de 2022. Esse resultado foi pressionado pela contração de 10,8% na indústria de transformação.
A queda mais expressiva entre as atividades da indústria de transformação ocorreu na fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-19,5%) – reflexo da menor produção de granito, pedras de construção e ladrilhos, placas e azulejos de cerâmica. Em seguida, vem a metalurgia, que retraiu 11%.
Para a gerente executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Findes, Marília Silva, a queda do setor capixaba está em linha como o observado para o setor a nível nacional e mundial. “No Brasil, a metalurgia recuou 4,8%, segundo a PIM-PF. No acumulado do ano, o setor brasileiro também registrou queda nas vendas internas (-4%), no consumo nacional de produtos siderúrgicos (-0,9%), e no valor das exportações (-6,5%), segundo os dados do Instituto Aço Brasil”.
Na passagem de março para abril, o setor industrial do Espírito Santo caiu 1,2%, na série com ajuste sazonal, registrando a segunda queda consecutiva mensal – pois em março havia retraído 1,4%.
A expectativa para os próximos meses é que a economia mundial continuará a atravessar um período de esfriamento moderado, explica Marília. Em um contexto em que a política monetária contracionista nas economias centrais permanecerá ao longo dos próximos meses – com possibilidade de início de flexibilização monetária apenas no final do ano.
“Esse cenário tem provocado redução na demanda global por commodities industriais e, consequentemente, uma diminuição nas cotações internacionais dessas mercadorias, contraindo os valores exportados pela indústria interna, tanto brasileira quanto capixaba. Até mesmo as commodities metálicas, que sofreram um aumento de preço no início de 2023 com a retomada da demanda chinesa, já apresentaram desaceleração em abril e estabilidade em maio”, disse.
Desempenho nacional
Semelhantemente ao comportamento da indústria capixaba, nos resultados referentes a abril de 2023, a indústria nacional apresentou desempenho negativo em todas as comparações. Entre os setores, a indústria extrativa registrou crescimento de 1,4% frente a 2022.
No acumulado deste ano, a produção física da indústria brasileira teve queda de 1%. Entre as atividades, as principais influências negativas foram registradas em produtos químicos (-8,1%), produtos de minerais não metálicos (-9,6%), metalurgia (-4,8%) e máquinas e equipamentos (-6,4%).
Frente a abril de 2022, a indústria nacional retraiu 2,7%, com resultados negativos em 18 dos 25 ramos pesquisados. As maiores quedas nesta base de comparação foram registradas nas atividades de fabricação de produtos químicos (-12,2%), nos veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,7%) e nas máquinas e equipamentos (-14,3%).
Em abril de 2023, em relação ao mês imediatamente anterior, a produção industrial total do Brasil caiu 0,6%, influenciada pela queda da fabricação de produtos alimentícios (-3,2%), de máquinas e equipamentos (-9,9%) e dos veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%).
De acordo com a economista-chefe da Findes, Marília Silva, a possibilidade de adoção de novos estímulos focados na indústria pelo governo federal, em especial no setor automobilístico, poderá amenizar esse processo de queda na produção industrial.