A indústria capixaba registrou um crescimento significativo em outubro de 2024, com um aumento de 1,7% na produção total, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O destaque do período ficou com o setor de transformação, que obteve uma impressionante alta de 10,7%, o maior crescimento registrado em 2024. O bom desempenho desse segmento foi crucial para a performance positiva da indústria do Estado, enquanto a indústria extrativa sofreu uma queda de 2,9%.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do IBGE, e foram divulgados na última sexta-feira (13), com análise do Observatório Findes.
A indústria de transformação capixaba teve um desempenho geral notável em outubro, com todos os segmentos que a compõem apresentando resultados positivos. O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, destaca a importância desse setor para a economia estadual. “Quando falamos da indústria de transformação, estamos falando sobre agregar valor ao que é produzido. Por exemplo, fazemos isso hoje com o café, transformando os grãos em solúvel. Ou quando produzimos, a partir do minério, produtos como vergalhões, tubos e chapas de aço”, explica.
Entre os destaques da transformação, o setor de metalurgia foi o grande vencedor, com um crescimento de 22,8%. Marília Silva, economista-chefe da Findes, aponta dois fatores para esse aumento expressivo: “O primeiro é a base de comparação mais baixa de outubro de 2023, quando houve uma queda de 8,7% no setor. O segundo fator é o bom desempenho contínuo da metalurgia, que desde junho de 2024 tem registrado resultados positivos, com um aumento de 11,6% na produção de aço bruto”, afirma.
Além da metalurgia, a fabricação de papel e celulose também teve um desempenho favorável, com uma alta de 6,2%, após quatro meses consecutivos de queda. A produção de produtos de minerais não-metálicos subiu 4,1%, impulsionada pela maior produção de pedras de construção e granito, enquanto a produção de alimentos cresceu 0,9%, com destaque para o aumento na produção de café solúvel e carnes bovinas e de aves.
Em contrapartida, a indústria extrativa do Espírito Santo sofreu uma queda de 2,9% na comparação de outubro de 2024 com o mesmo mês do ano anterior. A principal causa dessa retração foi a menor produção de petróleo e gás natural, que registraram quedas de 4,9% e 22,3%, respectivamente, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Energia (ANP).
Nathan Diirr, gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, destaca que, embora o setor tenha registrado essa queda, a expectativa é de recuperação nos últimos meses de 2024, especialmente com o início das operações do FPSO Maria Quitéria, que entrou em operação em outubro. A maior produção de petróleo e gás natural nos próximos meses pode trazer um alívio para o setor.
A PIM-PF também revelou que, no acumulado dos últimos 12 meses até outubro, a indústria capixaba cresceu 3,8%. Este é um reflexo positivo do desempenho geral da indústria, que teve alta em três das quatro bases de comparação analisadas. Além da comparação anual (1,7%) e do acumulado no ano (0,3%), o crescimento no acumulado em 12 meses foi impulsionado pela alta de 3,9% da indústria extrativa, com destaque para a produção de minério de ferro e gás natural.
A indústria de transformação também teve bom desempenho no acumulado de 12 meses, com crescimento de 3,5%. Os principais setores responsáveis por esse resultado foram a metalurgia (6,8%), a fabricação de produtos alimentícios (2%), e a fabricação de produtos de minerais não-metálicos (1,4%).
Apesar das quedas pontuais em alguns segmentos, a indústria capixaba apresenta um cenário de recuperação e otimismo para os últimos meses de 2024. O bom desempenho da indústria de transformação, especialmente a metalurgia, e as expectativas de recuperação no setor extrativo indicam que o Espírito Santo segue em trajetória positiva, com perspectivas de crescimento sustentado para o próximo ano.