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Festa, defesa do meio ambiente e luta por direitos marcam as comemorações do Dia do Pescador

29 de junho, é comemorado o Dia do Pescador. A data foi escolhida por ser o dia de São Pedro, padroeiro dos pescadores, e serve para homenagear esses trabalhadores que resistem aos desafios atuais pertinentes a essa prática.

Atualmente, os pescadores e pescadoras artesanais de várias regiões do Estado vêm lutando para garantir seus territórios terrestres e aquáticos nos rios, lagoas, praias e  mares. A pesca artesanal se diferencia da industrial por ter uma produção em menor escala, com embarcações de porte menores, e geralmente ser realizada pelas comunidades tradicionais que residem no litoral.

Pescador da região de Jacaraípe há mais de 30 anos, ‘Nego da Pesca’, como é popularmente conhecido, contou um pouco sobre a importância da pesca artesanal. “O pescador artesanal é um defensor do meio ambiente. No Espírito Santo, nós somos 18 mil pescadores profissionais artesanais, incluindo os catadores. Mas a cadeia produtiva da pesca é muito maior, gera outros empregos e beneficia umas 60 mil famílias, é uma cadeia muito forte. O mundo da pesca é infinito”, destacou o pescador.

O Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP) realiza desde 2017 a campanha pelos “Territórios pesqueiros”, no município da Serra. Com mais de um milhão de assinaturas, o MPP protocolou um projeto de lei de iniciativa popular na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados do Espírito Santo. O Estado é considerado o detentor da maior frota de pesca oceânica do país, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), por contabilizar um quantitativo de 2.486 barcos motorizados e 11.517 pescadores ativos. Calcula-se que em vários pontos do litoral capixaba, parte significativa da população ainda viva exclusiva ou indiretamente da pesca artesanal.

A ciência também caminha junto aos pescadores. A Universidade Federal do Espírito Santo tem acompanhado a luta dos pescadores pelos seus direitos e contribuído de diversas formas para a gestão da pesca e para a melhoria da qualidade de vida dos pescadores e familiares por meio das atividades de Extensão e Pesquisa.

Segundo o professor Marcos da Cunha Teixeira, coordenador do Laboratório de Educação Ambiental do Ceunes e também do Projeto Redes de Cidadania, estas iniciativas realizam  monitoramentos dos estoques pesqueiros, da produtividade da pesca, diagnósticos socioeconômicos dos pescadores e outras. “Na Extensão temos projetos que promovem ações de mobilização e organização social das Comunidades para que elas possam acessar seus direitos e as oportunidades presentes em seus territórios. Um exemplo é o Projeto Redes de Cidadania, que atua em 18 comunidades de pescadores artesanais promovendo diversas ações que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das famílias dos pescadores artesanais Capixabas”.

O dia do pescador será comemorado nessas comunidades com muita alegria, festa, mas também com resistência e luta pelos direitos e pelo meio ambiente. “A gente cuida do meio ambiente porque é dele que a gente tira o sustento. A gente tem que preservar a natureza para manter as condições de vida e de saúde. Sem o meio ambiente, não somos nada. O mundo está mudando e nós, pescadores,  não somos omissos”, enfatizou Nego da Pesca.

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