Hemoes faz apelo pela contribuição voluntária
Durante a época de férias, muitas famílias se preparam para aproveitar o período de descanso com viagens e passeios. No entanto, esse momento de lazer traz um grande desafio para os hemocentros em todo o Brasil, que enfrentam a queda nas doações de sangue. Isso impacta diretamente os estoques de sangue, principalmente os tipos de Rh negativos, que são essenciais para diversas emergências médicas.
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado (Hemoes), vinculado à Secretaria da Saúde (Sesa), alerta sobre a importância de manter os estoques de sangue sempre adequados, com destaque para as bolsas de sangue de Rh negativos. De acordo com a coordenadora do Setor de Triagem Clínica do Hemoes, médica Belisa Sossai, esses tipos sanguíneos negativos, como O negativo, A negativo, B negativo e AB negativo, são raros e possuem uma característica especial: podem ser transfundidos tanto para pacientes de Rh positivo quanto negativo, desde que respeitada a compatibilidade da tipagem sanguínea ABO.
“Os Rh negativos são considerados os tipos sanguíneos mais raros, com menos de 15% da população sendo portadora dessa tipagem. Isso dificulta o processo de manter um estoque estável, especialmente durante períodos em que a demanda aumenta, como emergências médicas, onde o sangue O negativo é frequentemente utilizado”, explicou Belisa Sossai.
A coordenadora ressalta que a baixa procura por doações de sangue nos períodos de férias pode levar a uma redução drástica nos estoques. Em situações críticas, o número de bolsas de sangue de tipos negativos pode chegar a zero, o que compromete diretamente o atendimento aos pacientes que necessitam dessas transfusões. “O estoque de sangue Rh negativo deve ser mantido com cerca de 400 doações mensais para garantir a estabilidade do serviço”, afirmou Belisa.
Além disso, a médica reforça a importância das doações voluntárias e altruístas, que devem ocorrer de maneira regular, e não apenas quando um familiar ou amigo está precisando. O Hemoes trabalha para fidelizar os doadores, estimulando o hábito da doação regular para garantir a reposição constante e a manutenção dos estoques necessários.
Dentro dos tipos sanguíneos raros, destaca-se o “sangue dourado”, conhecido cientificamente como Rh nulo. Este tipo sanguíneo é extremamente raro e se caracteriza pela ausência total de antígenos RhD nas hemácias, o que o torna compatível com qualquer tipo sanguíneo, independentemente do Rh (positivo ou negativo). Estima-se que menos de 50 pessoas no mundo possuam essa rara característica, com apenas dois casos registrados no Brasil.
Devido à sua raridade e características únicas, o sangue dourado é considerado o verdadeiro doador universal, sendo uma esperança vital em situações de transfusão em que a compatibilidade de antígenos é um fator crucial.
Se você deseja ajudar a manter os estoques de sangue em níveis adequados e contribuir com a saúde de quem precisa, a orientação é simples. Para se tornar um doador de sangue, basta comparecer a qualquer unidade de Hemocentro com um documento oficial com foto, ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos e estar em bom estado de saúde. Menores de 18 anos precisam da autorização de um responsável para realizar a doação.
Após a triagem, o sangue coletado é encaminhado para hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e também para pacientes que necessitam de tratamento regular nos ambulatórios de hematologia e transfusional do Hemoes, em Vitória.