Espírito Santo Tem Segundo Ano de Crescimento Econômico Positivo, Aponta Observatório Findes
Em 2024, o Espírito Santo experimentou um crescimento econômico de 2,3%, marcando o segundo ano consecutivo de alta. O desempenho positivo do estado é destacado pelos dados do Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), do Observatório Findes, que demonstram avanços em diversos setores, mesmo diante de um cenário econômico desafiador.
O ano foi marcado por um aumento na Taxa Selic, que chegou a 12,15%, o que impactou os custos do crédito e do investimento. Apesar disso, o Espírito Santo continuou a atrair investimentos significativos. Em entrevista coletiva, o presidente da Findes, Paulo Baraona, destacou a importância de grandes projetos, como o investimento de R$ 35 bilhões da Petrobras até 2029 e os R$ 3,8 bilhões anunciados pela ArcelorMittal para a implantação de um laminador de tiras a frio e linha de revestimento contínuo.
“Apesar da elevação da taxa de juros impactar o investimento, o Espírito Santo vem recebendo projetos expressivos a curto e médio prazo”, afirmou Baraona. Ele também ressaltou que o estado tem mapeado mais de R$ 103 bilhões em investimentos confirmados até 2030, com grande parte proveniente do setor industrial.
O crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba em 2024 foi impulsionado pelo desempenho positivo em diversos setores. A agropecuária, por exemplo, cresceu 7,4%, com destaque para a agricultura, que teve um aumento de 8,3%, e a pecuária, que subiu 5,2%. A produção de café, em particular, foi beneficiada pela “bienalidade positiva”, caracterizada por uma maior produtividade da lavoura.
No setor industrial, o crescimento foi mais modesto, com avanço de 0,7%. O destaque ficou para a energia e saneamento, que registraram um crescimento de 11,7%, impulsionado pelo aumento no consumo de energia elétrica. A construção também teve desempenho positivo, com alta de 2,1%, refletindo um aumento na ocupação do setor.
A indústria de transformação, por sua vez, cresceu 1,1%, com destaque para o setor de metalurgia, que avançou 5,1%, impulsionado pela demanda interna e pela produção de aço. Contudo, a indústria extrativa registrou um desempenho negativo de -2%, influenciado pela queda na produção de petróleo e gás natural, que caiu 8,8%.
Para 2025, a expectativa é de um crescimento mais moderado, com uma projeção de 0,5%, segundo a economista-chefe da Findes, Marília Silva. Ela apontou que fatores como a bienalidade negativa do café, a manutenção da taxa de juros elevada e a instabilidade no cenário global podem impactar o crescimento do estado.
“Embora a produção de minério de ferro e de petróleo e gás no estado tenha perspectivas positivas, a política monetária e os efeitos do mercado global podem trazer desafios”, afirmou Marília. A projeção, no entanto, pode ser ajustada ao longo do ano, dependendo dos acontecimentos econômicos.
O setor de serviços também apresentou um desempenho positivo, com crescimento de 2,5%. O avanço foi impulsionado pelo aumento da demanda em transporte (9,8%), comércio (1,5%) e outras atividades de serviços (2%). Marília Silva destacou o impacto do mercado de trabalho favorável e da maior massa salarial, o que contribuiu para o aquecimento do setor de serviços no Espírito Santo.
“O uso do potencial logístico do estado, especialmente no transporte de cargas, tem sido um fator relevante para o crescimento do setor de serviços”, acrescentou a economista.