A atividade econômica do Espírito Santo fechou o ano de 2022 no azul. Com 1% de crescimento, esse foi o segundo ano consecutivo em que o Estado teve resultado positivo. O número é fruto da melhoria de alguns indicadores a nível estadual e nacional. Se por um lado a inflação e o desemprego caíram e o consumo das famílias aumentou, por outro, a instabilidade do mercado externo freou o crescimento da economia capixaba.
Em meio a esse contexto, a agropecuária (7,1%) e o setor de serviços (5%) – que também inclui comércio e transportes -, cresceram ao longo 2022. Já a indústria geral, impactada pelas influências do mercado nacional e internacional, retraiu 9,7%.
Os dados fazem parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), compilados pelo Observatório da Indústria, divulgados nesta quinta-feira (16/03), em coletiva de imprensa, na sede da entidade, em Vitória. Na ocasião, também foram divulgados os resultados da produtividade do trabalho e do PIB per capita do ES em 2022.
De acordo com o IAE-Findes, todas as três atividades de serviços pesquisadas para o Estado cresceram ao longo do ano passado. Elas foram influenciadas pela continuidade no processo de retomada do setor, que teve início ainda em 2021. São elas: comércio (1,4%), transporte (2,6%) e demais atividades de serviços (6,5%).
Já na agropecuária, o crescimento de 7,1% foi impulsionado tanto pela agricultura (8,4%), com o aumento da produção das lavouras de café, arroz, milho e laranja, quanto pela pecuária (3,6%), com bons resultados na bovinocultura (leite e abate) e avicultura (ovos e abate).
Indústria mira diversificação como chave para o futuro
A indústria capixaba teve queda de 9,7% em 2022, na comparação com 2021. Apesar dos desafios enfrentados, o setor segue relevante e tem boas perspectivas para os próximos anos. Para a presidente da Findes, Cris Samorini, o fortalecimento da indústria de transformação é um ponto-chave nesse cenário.
Cris aponta que a indústria do Espírito Santo vive um processo gradual de transformação. De acordo com a industrial, nos últimos anos, estamos vendo uma desaceleração da indústria extrativa, devido à redução da produção de petróleo e gás no Estado e da extração de minério, devido, respectivamente, à maturação dos campos de petróleo e aos impactos causados pelo rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho.
“Por outro lado, de 2010 a 2020, a participação da indústria capixaba de transformação avançou 4,5 pontos percentuais no valor adicionado do setor, ao tempo em que a indústria extrativa reduzia. Além disso, quando olhamos para o futuro, teremos investimentos nesses setores como os do Parque das Baleias pela Petrobras e o início da produção de briquete verde pela Vale”, aponta Cris.
É importante ressaltar que de 2006 a 2021, os empregos formais de setores com maior valor agregado aumentaram 18% na indústria capixaba. No campo da arrecadação, em termos reais, a indústria avançou de R$ 1,53 bilhão para R$ 2,76 bilhões em um intervalo de quatro anos (2017-2021), representando 17% de todo o ICMS do Espírito Santo de 2021.
“Além disso, até 2028, o ES receberá mais de R$ 36,4 bilhões em 289 projetos, sendo que oito em cada dez estão na indústria”, declara a presidente. Os dados fazem parte da Bússola do Investimento da Findes.
Sobre o desempenho da indústria capixaba em 2022, a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva, explica que o ano trouxe algumas adversidades para o setor.
“Esperava-se um processo de normalização das cadeias globais de suprimento, após dois anos de pandemia, além de expectativas quanto às mitigações da crise hidroenergética que aconteceu em 2021. Porém, o conflito na Ucrânia alterou as expectativas para o ano”, comenta a economista.
A queda que a indústria geral capixaba registrou deve-se ao desempenho da indústria extrativa e da indústria de transformação.
“Quando olhamos para a indústria extrativa vemos uma queda de 25,4%, que é explicada pela redução nas produções das duas atividades que compõem o setor no Estado: petróleo e gás natural (-35,2%) e pelotização do minério de ferro e outras atividades (-12,4%)”, explica Marília.
Enquanto isso, na indústria de transformação (-5,5%), apenas a fabricação de celulose, papel e produtos de papel foi positiva no ano, com alta de 6,5%. As demais atividades apresentaram variações negativas: fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-11%), fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-8,1%), metalurgia (-5,5%) e fabricação de produtos alimentícios (-4,9%).
Apesar do resultado negativo da indústria geral, a indústria da construção (5,2%) e o segmento de energia e saneamento (1,3%) do Estado tiveram desempenho positivo em 2022.
Brasil
No acumulado do ano, o PIB do Brasil aumentou 2,9%, impulsionado pelo setor de serviços (4,2%) e pela indústria (1,6%), dado que a agropecuária recuou 1,7%.
O resultado positivo na indústria nacional foi decorrente dos avanços expressivos em duas das quatro atividades que compõem o setor: a indústria da construção (6,9%) e o setor de energia e saneamento (10,1%). Já a indústria extrativa recuou 1,7% e a indústria de transformação variou -0,3%, denotando quedas menos intensas que as observadas a nível estadual.