No Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado hoje, a sociedade é chamada a refletir sobre os graves riscos do tabagismo para a saúde, com um foco especial na saúde bucal. Celebrada com o objetivo de conscientizar a população sobre os perigos do cigarro, a data também serve para alertar sobre os efeitos devastadores que o fumo pode causar na cavidade oral.
O Ministério da Saúde alerta que o tabagismo, tanto ativo quanto passivo, está associado ao desenvolvimento de cerca de 50 doenças, incluindo várias patologias buco-dentais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que a fumaça do cigarro contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas, muitas das quais têm efeitos prejudiciais diretos na saúde bucal.
A cirurgiã-dentista Larissa Pavesi, especialista em saúde bucal, destaca os impactos severos do tabagismo na cavidade oral. “O tabaco e o álcool estão entre as principais causas de câncer da cavidade oral”, afirma Pavesi. “Antes de afetar os pulmões, as substâncias químicas presentes no cigarro causam danos severos na estrutura da boca e garganta. Esse tipo de câncer pode afetar os lábios, gengivas, bochechas, céu da boca (palato), língua e a região embaixo da língua (assoalho da boca). No Brasil, é o quinto tumor mais frequente em homens.”
De acordo com Pavesi, o risco de desenvolver câncer de boca para os fumantes é de quatro a quinze vezes maior em comparação aos não-fumantes, dependendo da quantidade e tipo de tabaco consumido. Além do câncer, o tabagismo está associado a várias outras doenças bucais. A cirurgiã-dentista explica que as doenças periodontais, como a gengivite e a periodontite, são mais comuns entre fumantes devido ao enfraquecimento do sistema imunológico e ao aumento da suscetibilidade a infecções bacterianas. “A nicotina e outros componentes do cigarro podem prejudicar a cicatrização das gengivas, especialmente após procedimentos como implantes dentários”, adverte.
Pavesi também aponta que os dentes dos fumantes estão mais propensos a danos, como a pigmentação amarelada causada pelo alcatrão presente no cigarro. Outros problemas associados ao tabagismo incluem halitose (mau hálito) e perda gradual do paladar. Além disso, doenças periodontais graves como a gengivite ulcerativa necrosante aguda e a candidíase oral são mais prevalentes entre os fumantes.
Outro efeito adverso relevante é a xerostomia, ou boca seca, causada pelo ressecamento das mucosas devido à fumaça do cigarro, o que inibe a produção de saliva e aumenta o risco de problemas bucais.
Apesar dos desafios de abandonar o hábito, Larissa Pavesi enfatiza a importância de parar de fumar para melhorar a qualidade de vida e a saúde bucal. “Mesmo para aqueles que fumam há muitos anos, a interrupção do tabagismo traz benefícios significativos para a saúde geral e bucal. Quanto mais cedo a pessoa parar de fumar, mais cedo o organismo pode começar a se recuperar e melhorar a integridade da cavidade oral e o sistema imunológico”, conclui a especialista.
Neste Dia Nacional de Combate ao Fumo, a mensagem é clara: a conscientização sobre os riscos do tabagismo e a decisão de parar de fumar são passos fundamentais para garantir uma saúde bucal e geral melhor.