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Desafios Hídricos no Espírito Santo: Agerh Declara Estado de Atenção

A situação hídrica no Espírito Santo tem se mostrado particularmente desafiadora. A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) declarou Estado de Atenção devido à falta de chuvas e à estiagem dos últimos meses, que reduziram as vazões nos principais rios e demais cursos d’água. A Resolução 002/2024, publicada no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira (16), traz recomendações para o uso racional da água.

Entre as medidas propostas pela Agerh estão a redução do consumo, a reutilização da água sempre que possível e a manutenção de equipamentos e instalações para evitar desperdícios. Aos usuários e empreendedores agrícolas, a recomendação é adotar um manejo adequado da irrigação, visando ao uso racional da água.

No contexto agrícola, a gestão eficiente da água durante o inverno é crucial para enfrentar os desafios climáticos e garantir a saúde das culturas. Durante essa estação, caracterizada por temperaturas mais amenas e noites longas, as plantas tendem a ter uma menor atividade fisiológica, o que reduz significativamente o consumo de água e se faz necessário medidas de controle.

“É essencial ajustar o fornecimento de água às necessidades reais das culturas. Não atender adequadamente essa demanda pode resultar em desperdício de um recurso tão escasso”, explica o engenheiro agrônomo Elídio Torezani.

Sistema de Irrigação A escolha do sistema de irrigação é fundamental para garantir a eficiência no uso da água. Segundo Torezani, o gotejamento é o sistema mais indicado. Esse sistema fornece água diretamente às raízes das plantas, reduzindo as perdas por evaporação. Além disso, sistemas de irrigação eficientes não apenas conservam a água, mas também promovem uma agricultura mais sustentável.

“A irrigação por aspersão, por exemplo, pode resultar em perdas significativas de água, especialmente em dias com vento e baixa umidade. Então, optar por um sistema de alta eficiência é ainda mais importante no inverno, quando os níveis de água estão baixos devido à falta de chuva”, complementa o engenheiro.

Monitoramento Para poupar água, também é necessário monitorar as necessidades hídricas das plantas. “Métodos como tensiometria e sensores de umidade do solo são muito eficientes”, afirma Torezani. Ambas tecnologias permitem que os agricultores verifiquem em tempo real as condições de umidade do solo, garantindo uma aplicação precisa onde a água é mais necessária.

Adotar essas estratégias é, ao mesmo tempo, evitar desperdícios, já que se ajusta a irrigação conforme a demanda das plantas.

Manejo do Solo Práticas de manejo do solo também são cruciais para a retenção de água no inverno. “Para otimizar esse recurso, tudo começa na implantação da lavoura com plantios em nível e a manutenção da cobertura nativa controlada como forma de não competir com a cultura principal. Indo além, é importante observar a incidência de ventos de forte intensidade que são bastantes nocivos para as plantas”, enumera Elídio.

Outra orientação importante, conforme explica o agrônomo, é adotar o uso de cobertura morta, porque retém a umidade no solo, reduz a evaporação e diminui o impacto da chuva forte, evitando erosões. “Infelizmente, muitas pessoas, buscando facilidade de mecanização, ignoram conceitos básicos e primários de conservação do solo. Por isso, ao seguir essas dicas, é possível manter o solo vivo e produtivo”, alerta Torezani.

Ao escolher sistemas de irrigação adequados, monitorar as necessidades das plantas e manejar bem o solo, os agricultores podem garantir melhores e mais duradouros resultados aos seus investimentos. E, claro, é uma forma de seguir as recomendações da situação hídrica do Estado.

“É fato: uma abordagem cuidadosa que não só conserva água, mas também promove o uso eficiente dos recursos hídricos, garante a sustentabilidade das práticas agrícolas”, conclui Torezani.

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