Distribuir na cidade sempre foi complexo e caro. Com o aumento de volume — que é uma tendência e vem crescendo desde a pandemia —, as dificuldades aumentaram e ainda tornaram a questão urgente. A solução deve ser buscada agora e demanda mais inteligência do que tamanho, com a incorporação de tecnologia e estratégias de centros de distribuição menores e mais próximos dos clientes. Mais do que vender, portanto, agora o desafio do comércio eletrônico é entregar nas condições combinadas com custos viáveis. E as melhores empresas também já perceberam que a logística será um diferencial competitivo para alavancar ainda mais o negócio.
Desafio
Basicamente, o objetivo inicial é multiplicar a utilização da capacidade instalada. Maximizar a ocupação dos veículos, eliminar turnovers e diminuir o tempo de cada procedimento. Fazer mais com menos, enfim, e operar com 100% do potencial antes de pensar em aumentar a estrutura.
O primeiro passo é centralizar os dados sobre clientes, produtos, equipamentos e condições de tráfego. Analisar e integrar essas informações em uma roteirização que define:
- Rotas mais eficientes;
- Frota mais adequada;
- Sequenciamento mais inteligente;
- Prioridade dos clientes;
- Janelas de entrega;
- Estratégias de atendimento de acordo com o fornecedor, entre outros.
Parece simples, mas manter essas variáveis equacionadas o tempo todo é bem complexo. Principalmente na cidade, as condições mudam rapidamente e o processo tem que ser ajustado imediatamente de acordo com a regra de negócios. Para alcançar a máxima produtividade, portanto, a roteirização inicial terá que ser atualizada várias vezes durante o dia com a melhor decisão e na hora certa. O grande desafio é apurar e processar todas essas informações simultaneamente.
Solução
Atualmente, uma combinação de muitos algoritmos preparados para trabalhar de forma coordenada ou isolada, dependendo da situação, com um sistema autônomo baseado em machine learning pode criar a plataforma capaz de gerar essa inteligência. Essa mistura de micro service e aprendizado contínuo vai funcionar como um centro de controle automatizado e autônomo que acompanha todos os indicadores estratégicos, identifica exceções e os impactos na operação e toma decisões para manter o nível de eficiência programado.
Esse tipo de tecnologia já está disponível — e de certa forma acessível financeiramente — para o e-commerce e é conhecida como otimização dinâmica. Implantado e rodando, o sistema pode oferecer economia de até 40%, dependendo do grau de desenvolvimento atual da operação, além de expandir a capacidade operacional.
Agregar inteligência ao processo é o mais inteligente no momento. É um investimento relativamente baixo e que oferece resultados significativos em pouco tempo. E que cria a base tecnológica para uma operação em que independentemente do tamanho da frota, todos os equipamentos entregam 100% do potencial. Este deve ser o principal objetivo agora.
Entregar com qualidade é indispensável para conquistar a confiança do novo cliente do e-commerce. O boom de vendas só vai se consolidar se as empresas cumprirem o combinado com custos que sejam viáveis para compradores e vendedores. Além disso, é importante lembrar que a pandemia apenas adiantou a transformação digital pela qual já estávamos passando. O futuro é do comércio eletrônico e das empresas que estiverem preparadas para ele.
*Antonio Wrobleski é presidente da BBM Logística. Engenheiro com MBA na NYU (New York University