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Cuidador de idosos é a atividade que mais cresce no Brasil

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e da Previdência, mostram que o número de profissionais que trabalham na área de cuidados com carteira assinada saltou de 5.263 para 34.051 em dez anos, o que significa um aumento de 547%. Tudo indica ainda que a demanda por cuidadores de idosos, especificamente, deve continuar a crescer nos próximos anos uma vez que a Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) estima que 70% dos idosos brasileiros necessitem de cuidados especiais em algum momento de suas vidas.

De acordo com Lívian Tononi, diretora da Azo Cuidados, empresa capixaba especialista em conectar famílias a cuidadores profissionais, o trabalho de cuidador de idosos é considerado de baixa complexidade, mas de grande responsabilidade, já que entre as funções está o auxílio em higiene, alimentação, hidratação, locomoção e realização de atividades diversas como acompanhamento em consultas médicas e exames, administração de medicamentos receitados pelo médico e atenção ao estado geral de saúde do idoso.

Além disso, Lívian conta que a procura por cuidados com a rotina é alta, mas não é a única. “Temos cuidadores contratados para acompanhar o idoso ao cinema, à praia, a aulas, a atividades esportivas e de lazer, pois hoje a sociedade percebeu que cuidar da mente do idoso é tão importante quanto do corpo”, diz.

A atividade do profissional é exercida especialmente na casa do cliente, pois o objetivo é alterar o mínimo o ambiente e a rotina familiar. “Essa tendência é mundial. Percebemos que quase a totalidade dos adultos mais velhos em todo o mundo já falaram para a família que querem envelhecer em casa, mesmo que precisem de ajuda de outra pessoa”, afirma.

Tipos de contratação

Um ponto que contribui para o crescimento da profissão de cuidador é a possibilidade de trabalhar tanto de carteira assinada quanto como autônomo ou através de uma empresa especializada.

No caso da carteira assinada, a diretora da Azo, que também é advogada, explica que, desde a criação da Emenda Constitucional nº 66, de 2012, a PEC das Domésticas, a ocupação de cuidador de idosos passou a ser considerada como trabalho doméstico. Assim, todos os direitos trabalhistas passaram a valer também para a função.

“Isso significa que quem trabalha num ambiente domiciliar para o mesmo empregador mais de duas vezes na semana é considerada uma empregada doméstica. Nesse caso, deve ter a carteira de trabalho assinada, com todos os direitos trabalhistas garantidos, como jornada de 44 horas semanais, salário acima do mínimo, intervalo para repouso e alimentação, descanso semanal remunerado, férias, adicional noturno, registro no eSocial Doméstico, entre outros”, explica.

Quem prefere trabalhar como freelancer ou autônomo não tem qualquer relação de trabalho protegida pela CLT, mas pelo Código Civil Brasileiro, já que o serviço é executado de maneira eventual e sem continuidade.

Por fim, a família pode contratar o cuidador através de uma empresa, que irá se responsabilizar pela relação trabalhista, pagamento e burocracia contratual. “Como o vínculo trabalhista é algo que costuma tirar o sono de muita gente, essa é a forma mais prática de a família não ter preocupações, uma vez que a empresa, além de fazer o gerenciamento da profissional, também se responsabiliza por faltas e imprevistos”, destaca.

Lívian explica que, com a profissionalização da função, o perfil do cuidador também mudou, é mais sério. “Antes era comum atribuir a função a pessoas próximas geralmente sem formação técnica, mas agora as famílias querem contratar enfermeiros, técnicos de enfermagem ou cuidadores com experiência. Por isso, quem quer aproveitar esse mercado deve investir em capacitação com cursos técnicos ou superiores de Enfermagem ou formação em cuidador de idosos”, orienta. Para isso é preciso ter no mínimo o ensino fundamental e 18 anos de idade. O salário da função varia entre R$ 1.320,00 e R$ 1.500,00 mensais, dependendo da carga horária.

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