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Cresce Violência Contra a Mulher no Espírito Santo em 2024

A Violência Contra a Mulher Vai Além do Assassinato

Em 2024, o Espírito Santo experimentou uma redução no número geral de homicídios, o menor índice dos últimos 28 anos. No entanto, um dado preocupante se destacou: o aumento no número de mulheres assassinadas. Os homicídios contra mulheres passaram de 88 em 2023 para 93 em 2024. Além disso, os casos de feminicídio, que envolvem assassinatos motivados por violência doméstica ou machismo estrutural, também subiram, indo de 35 para 38 no mesmo período.

Especialistas destacam que a violência contra a mulher não começa com o assassinato, mas sim com sinais sutis que muitas vezes são ignorados. Segundo os profissionais, comportamentos como explosões de fúria, gritos durante uma discussão, e agressões verbais seguidas de pedidos de perdão e promessas de mudança são sinais de que a situação pode se agravar. Com o tempo, o agressor pode isolar a vítima de amigos e familiares, criando um ciclo de abuso emocional e psicológico que, frequentemente, culmina em agressões físicas. Se não interrompido, esse ciclo pode levar à morte da mulher.

Embora o número geral de homicídios tenha diminuído no estado, o aumento nos assassinatos de mulheres e nos feminicídios é alarmante. A violência contra a mulher no Espírito Santo é um reflexo de um machismo estrutural que ainda permeia a sociedade. “A violência está instalada na sociedade brasileira, um machismo que está sendo desconstruído aos poucos”, afirmou a Secretária Estadual de Mulheres, Jacqueline Moraes.

Além do aumento nos homicídios e feminicídios, 2024 também observou um crescimento significativo no número de notificações de violência contra a mulher. Foram mais de 23 mil registros, englobando agressões físicas, verbais, psicológicas, além de descumprimento de medidas protetivas. Esse aumento pode ser interpretado como um sinal de que as mulheres estão se sentindo mais seguras para denunciar e interromper o ciclo de abuso.

Jacqueline Moraes explica que o ciclo da violência contra a mulher começa com agressões verbais e explosões de raiva, seguidas por pedidos de perdão e promessas de mudança. Com o tempo, as agressões físicas começam a se intensificar. “Antes da Lei Maria da Penha, esse ciclo de violência podia durar até 20 anos. Hoje, as mulheres estão conseguindo buscar ajuda em cerca de sete anos”, observou a secretária. Ela enfatizou que, apesar da redução no tempo de ocorrência desse ciclo, a meta é interromper o abuso o mais rápido possível para evitar tragédias.

Outro dado alarmante é que a maioria dos feminicídios ocorre dentro de casa, aos finais de semana, e o crime é frequentemente cometido com armas brancas. As vítimas mais comuns são mulheres pardas, com idades entre 40 e 44 anos.

O aumento nos registros de violência contra a mulher revela que, apesar das políticas públicas de prevenção, como a Lei Maria da Penha, ainda há um longo caminho a percorrer. A Secretária Jacqueline Moraes destacou que a conscientização e o empoderamento das mulheres são essenciais para romper o ciclo de violência antes que ele resulte em tragédia.

Embora o Espírito Santo tenha visto uma diminuição nos homicídios em geral, os números relacionados à violência contra a mulher seguem uma tendência contrária. A esperança é que, com o fortalecimento das políticas de apoio às vítimas e um maior número de denúncias, os índices possam começar a cair. “Nosso objetivo é reduzir esses números, quem sabe até chegar a zero”, concluiu a secretária.

“A luta contra a violência doméstica e os feminicídios segue como uma prioridade nas políticas públicas do estado, com o objetivo de salvar vidas e garantir que as mulheres possam viver com dignidade e segurança”, finalizou Jacqueline Moraes.

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