Com o solo mais úmido, o produtor deve revisar o manejo e aproveitar o momento para manutenção do sistema
Com a chegada do período chuvoso, o manejo da irrigação nas propriedades rurais exige atenção redobrada. O solo passa a receber água em maior quantidade e, sem os ajustes necessários, o excesso pode provocar encharcamento, lixiviação de nutrientes e até favorecer o surgimento de doenças nas raízes. Por isso, adaptar o sistema de gotejamento à nova realidade climática é essencial para garantir eficiência, economia e saúde das plantas.
Segundo o engenheiro agrônomo Elidio Torezani, diretor da Hydra Irrigações, primeira revenda Netafim no Brasil, desligar totalmente a irrigação logo após as primeiras chuvas não é a melhor estratégia.
“O ideal é observar o solo e o comportamento da planta. Existem regiões com solos de baixa capacidade de retenção hídrica e chuvas muito irregulares, que não substituem completamente a irrigação”, explica.
O ponto de partida é monitorar a umidade do solo — seja com sensores, tensiômetros ou pela própria observação do produtor. O objetivo é manter a umidade ideal, sem atingir a saturação.
De acordo com Torezani, o sistema de gotejamento oferece um grande benefício nessa etapa: a possibilidade de ajustes finos no volume aplicado.
“Como o sistema é preciso, o produtor pode reduzir a frequência das irrigações, mantendo eficiência mesmo nessa época”, afirma.
Outro fator importante é acompanhar a distribuição das precipitações. Em muitas regiões, as chuvas ocorrem de forma concentrada, seguidas de longos períodos sem reposição natural. Em solos com baixa capacidade de armazenamento, essa oscilação exige resposta rápida.
“A chuva ajuda, mas não garante regularidade. O gotejamento continua sendo fundamental para manter o equilíbrio da planta”, destaca o engenheiro.
O período úmido é também a melhor oportunidade para realizar uma revisão completa e minuciosa do sistema de irrigação. Com menor demanda de funcionamento, o produtor pode dedicar tempo à manutenção sem comprometer o manejo.
Entre as ações recomendadas estão limpeza química, inspeção de tubulações e emissores, além da correção de pequenos vazamentos que, se ignorados, podem comprometer o desempenho na estação seca.
“São cuidados simples, mas que fazem diferença. A chuva é aliada do produtor, mas também um alerta de que é hora de cuidar do sistema”, reforça Torezani.
Ajustar o manejo durante o período úmido reduz custos com energia e água, além de aumentar a eficiência do sistema. O planejamento agora também garante uma retomada rápida quando o clima voltar a secar.
“Quando o produtor aproveita esse tempo para revisar, ele ganha agilidade na retomada. O sistema já está limpo, regulado e pronto para a próxima safra”, conclui Torezani.
A chegada das chuvas traz desafios — mas também oportunidades. Com monitoramento, ajustes estratégicos e manutenção adequada, o produtor garante economia, sustentabilidade e produtividade ao longo de todo o ciclo.