Os enredos do Grupo Especial em 2026 reúnem espiritualidade, ancestralidade, memória capixaba e personagens marcantes em narrativas que celebram identidade e resistência
Com narrativas que percorrem ancestralidade, espiritualidade, protagonismo feminino, identidade afro-brasileira, memória capixaba, histórias de resistência e até mapa astral, o Carnaval de Vitória 2026 se desenha como um dos mais potentes dos últimos anos. Mais do que desfiles, as escolas apresentarão ao público um conjunto de enredos que reafirmam o samba como expressão viva da cultura, da fé e do pertencimento do povo capixaba, num espetáculo que promete emocionar o Sambão do Povo nos dias 6 e 7 de fevereiro. Os ingressos estão à venda pelo site Brasil Ticket (https://brasilticket.com.br/)
A atual campeã do carnaval de Vitória, a Independente de Boa Vista levará para a avenida a força de João Bananeira em “A Voz que Dança nas Folhas da Resistência”. A escola mergulha na ancestralidade do Congo capixaba por meio dessa figura mítica, corpo encantado nascido da mata e símbolo de luta, fé e liberdade. A escolha dialoga diretamente com Cariacica, território onde o Congo é expressão viva da identidade local e onde comunidades mantêm essa tradição há gerações, reforçando o vínculo entre o enredo, a escola e as raízes culturais do município.
No Pega no Samba, a escolha pelo enredo “Okê Caboclo Sete Flechas – Guardião Ancestral da Natureza” propõe uma imersão na força espiritual dos povos originários, reverenciando o Caboclo Sete Flechas, entidade de luz, proteção e sabedoria ligada à Umbanda e às religiões de matriz africana. A proposta convoca a avenida a vivenciar a energia da mata, da ancestralidade e dos caminhos de cura trazidos por essa figura sagrada.
A espiritualidade também se manifesta na Novo Império, que apresenta “Aruanayê: Guardiãs dos Mistérios Ancestrais”, enredo que destaca a força do sagrado feminino e das mulheres, oriundo de manifestações indígenas e africanas que se entrelaçam para que o legado afro-indígena se perpetue.
A religiosidade marcará presença no desfile da Unidos de Jucutuquara, que irá mostrar de forma didática a história de Maria Padilha no enredo “Arreda homem que aí vem mulher”. A escola exaltará Padilha como símbolo de liberdade e resistência, percorrendo sua trajetória para inspirar todos os corpos que o mundo tentou silenciar.
Outras escolas optaram por narrativas que resgatam personagens e memórias. A Mocidade Unida da Glória mergulha na trajetória de Teresa da Baviera em “O Diário Verde de Teresa”, enredo inspirado na princesa, naturalista e exploradora alemã que percorreu o Brasil no século XIX, documentando espécies, paisagens e aspectos culturais com olhar científico e sensível. A partir de sua jornada, a escola atravessa temas contemporâneos como preservação da Mata Atlântica, povos originários e resistência ambiental.
Já a Unidos da Piedade, em “O Canto Livre de Papo Furado”, dá voz à irreverência crítica de uma figura marcante que representa liberdade, contestação e o espírito popular das ruas do Centro de Vitória: o intérprete Edson Papo Furado.
O Xirê — roda sagrada e celebração dos orixás — inspira o enredo da Imperatriz do Forte, que com “Xirê – Festejos às Raízes” celebra a ancestralidade, a espiritualidade e a força das culturas afro-brasileiras que moldam nossa identidade. Em 2026, a Imperatriz do Forte dança o xirê dos orixás, canta os saberes do terreiro e exalta as raízes que sustentam o nosso samba.
A história capixaba ganha destaque na Rosas de Ouro, que apresenta “Cricaré das Origens, o Brasil que Nasce em São Mateus”, celebrando o papel do município na formação do país e reverenciando grandes nomes e a força da negritude que moldou a cultura mateense, marcada por tambores, cânticos, dança e fé, reforçando a importância de suas raízes culturais.
A Andaraí transformou a própria fundação da escola em narrativa. “01/12/1946”, título do enredo, marca o dia em que a agremiação surgiu como bloco e, dali em diante, evoluiu até virar escola de samba. O carnavalesco parte do mapa astral da escola — sagitariana com ascendente em Áries — e de suas raízes nas religiões de matriz africana — filha de Oxumarê, senhor do arco-íris e da transformação — para contar sua trajetória, a relação com a comunidade e as conquistas que moldaram sua personalidade ao longo de quase oito décadas.
A Chegou o Que Faltava apresenta “Orí – Sua Cabeça é Seu Guia”, propondo uma reflexão sobre o Orí, conceito central das tradições iorubás e das religiões de matriz africana. O Orí não é um orixá, mas a própria essência que habita a cabeça de cada pessoa, responsável pelo destino, pela intuição e pelo caminho individual. Em meio aos desafios do mundo, é o Orí que orienta, fortalece e protege. Honrar o Orí é cuidar da mente, do corpo e da ancestralidade que nos sustenta, reconhecendo a força interior que conduz cada trajetória.
Enredos 2026 – Grupo Especial
Pega no Samba – Okê Caboclo Sete Flechas – Guardião Ancestral da Natureza
Novo Império – Aruanayê: Guardiãs dos Mistérios Ancestrais
Jucutuquara – Arreda Homem que Aí Vem Mulher
MUG – O Diário Verde de Teresa
Imperatriz do Forte – Xirê – Festejos às Raízes
Rosas de Ouro – Cricaré das Origens, o Brasil que Nasce em São Mateus
Piedade – O Canto Livre de Papo Furado
Boa Vista – João do Congo: A Voz que Dança nas Folhas da Resistência
Chegou o Que Faltava – Orí – Sua Cabeça é Seu Guia
Andaraí – 01/12/46
Ordem dos Desfiles 2026
Sexta-feira (06/02/2026)
Pega no Samba
Novo Império
Unidos de Jucutuquara
Mocidade Unida da Glória (MUG)
Imperatriz do Forte
Sábado (07/02/2026)
Rosas de Ouro
Unidos da Piedade
Independente de Boa Vista
Chegou o Que Faltava
Andaraí
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