Na última sexta-feira (28), aconteceu a primeira entrega de certificados do Projeto Cafeicultura Sustentável. A cerimônia, realizada em Brejetuba durante a 1ª Feira do Agronegócio e o 18º Encontro de Cafeicultores, marcou o início oficial do reconhecimento das propriedades que avançam na adoção de práticas sustentáveis na cafeicultura capixaba.
Ao todo, 33 propriedades de café arábica do município receberam certificação nos dois níveis mais altos de adequação. Seis alcançaram o nível 5, com notas acima de 90 pontos, e 27 atingiram o nível 4, com pontuações entre 81 e 90. Os resultados refletem o comprometimento dos produtores em atender aos 39 indicadores estabelecidos pelo projeto, alinhados a protocolos internacionais e distribuídos em três eixos: econômico, ambiental e social.
Os critérios avaliados incluem manejo integrado de pragas e doenças, análises de solo e folha, uso racional da água, proteção de nascentes, regularização de áreas de preservação permanente, conformidade com normas de desmatamento zero (EUDR), além de condições de trabalho e acesso das famílias rurais a serviços essenciais.
O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, ressaltou a importância da certificação para o setor.
“Brejetuba respira café. Aqui está o maior produtor de arábica do Espírito Santo. O que estamos vendo é o resultado de políticas públicas realizadas em parceria com os municípios e organizações dos produtores. A certificação mostra que a cafeicultura capixaba está preparada para os mercados mais exigentes, e isso é motivo de grande satisfação”, afirmou.
Entre os destaques esteve a produtora Maira Zulcom Meneguetti Venâncio, do Sítio Rancho Dantas, que obteve a maior nota da etapa: 96,79 pontos. Ela afirma que o projeto acelerou melhorias já planejadas para a propriedade, como a instalação de fossa séptica, proteção de nascentes, uso de despolpador e organização de informações e processos.
“Esse certificado é motivo de muito orgulho para nós. Investir em sustentabilidade não é opção, é obrigação. Temos o dever de cuidar do que é nosso”, destacou. Maira também pretende incluir nas embalagens do café um selo com a nota de sustentabilidade, agregando valor e reforçando a identidade do produto no mercado.
A certificação será concedida às propriedades que alcançarem nota mínima de 60 pontos, classificadas no nível 3 — o padrão básico de adequação. O coordenador de Cafeicultura do Incaper e responsável pelo projeto, Fabiano Tristão, ressaltou que a iniciativa representa um avanço significativo.
“A partir dessa pontuação, as propriedades demonstram atender a mais de 60% dos indicadores avaliados. Isso fortalece a reputação do café capixaba e abre portas para mercados que valorizam rastreabilidade e responsabilidade socioambiental. É um diferencial competitivo que impacta toda a cadeia produtiva”, afirmou.
Fabiano destacou ainda que os benefícios vão além do reconhecimento formal.
“As propriedades certificadas passam a ter um diagnóstico claro de seus pontos fortes e dos aspectos que precisam evoluir. Isso melhora a gestão, reduz riscos e aumenta a produtividade. Com acompanhamento contínuo, os produtores evoluem de maneira estruturada e sustentável”, completou.
O Projeto Cafeicultura Sustentável foi criado para apoiar produtores na adoção de práticas que aumentem a produtividade e a qualidade dos cafés capixabas, gerando também ganhos ambientais e sociais. Para isso, técnicos do Incaper realizam diagnósticos completos e desenvolvem planos de ação personalizados, com orientações práticas e acompanhamento regular.
Com R$ 4,9 milhões investidos pelo Governo do Estado, a iniciativa tem como meta apoiar 8 mil propriedades até 2027. Atualmente, cerca de 6 mil produtores já participam do programa em diferentes etapas de adequação. O projeto integra o Programa Inovagro, coordenado pela Seag em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).