Vendas, pra mim, nunca foi só sobre bater metas. Sempre enxerguei a arte de vender como a construção de uma ponte sólida entre o que o cliente precisa e o que eu posso entregar. E essa ponte, pra ser forte, precisa ser feita de confiança, escuta ativa e, principalmente, verdade.
Comecei minha trajetória como muitos outros profissionais da área: batendo de porta em porta, com o rosto ao sol, um sorriso sincero e a certeza de que, se eu ouvisse mais do que falasse, aprenderia algo em cada conversa. E aprendi. Aprendi que as pessoas não compram apenas produtos ou serviços. Elas compram sensações. Compram segurança, status, praticidade, autoestima, pertencimento. O segredo está, sempre esteve, em entender o que move emocionalmente aquela decisão de compra.
É claro que, ao longo da caminhada, compreendi a importância das técnicas. Saber fazer perguntas abertas, usar gatilhos mentais, estruturar bem uma argumentação, criar autoridade — tudo isso é ferramenta. Mas ferramentas, por si só, não constroem nada se não houver uma intenção verdadeira por trás. Intenção de ajudar, de solucionar, de servir. A venda só acontece de verdade quando existe propósito. E propósito não se ensina em treinamento. Propósito se vive.
Hoje, quando me sento com um cliente, minha primeira missão não é vender. É entender. É mapear, com honestidade, se o que eu tenho pra oferecer vai, de fato, transformar o dia, a vida ou o negócio daquela pessoa. Porque vender algo que não serve — só para bater a meta do mês — é o caminho mais curto pra perder a confiança e, com ela, todas as próximas oportunidades.
Vivemos uma nova era nas vendas. O vendedor do passado era o “convencedor”. O de hoje precisa ser estrategista. A jornada de compra não começa mais no balcão ou na ligação. Ela começa lá no Instagram, no vídeo do YouTube, no comentário bem feito no LinkedIn. Começa quando você educa, inspira e se posiciona como autoridade. E continua no pós-venda, quando você mantém o vínculo, oferece suporte, se mostra presente.
Hoje, quem não entende de marketing pessoal, posicionamento digital, branding e comportamento humano, fica pra trás. Não dá mais pra separar o setor comercial do setor de relacionamento. Tudo está conectado. Do primeiro “oi” ao pós-venda, tudo comunica, tudo influencia, tudo vende.
Já vi vendedores com técnica impecável perderem vendas por falta de conexão. E já vi gente simples, com fala mansa e coração aberto, fechar negócios milionários. Por quê? Porque se conectaram. Porque foram humanos. Porque fizeram da venda um encontro e não uma disputa. E é esse vendedor que eu escolhi ser — aquele que se importa de verdade.
Ao longo da minha trajetória, percebi que clientes não buscam apenas soluções. Eles querem ser compreendidos. Querem se sentir únicos. Querem, mais do que tudo, saber que podem confiar em você. E confiança não se exige. Se conquista. No olhar, na palavra, na presença.
Por isso, se tem algo que eu carrego comigo todos os dias é que vender não é convencer. É conectar. É mostrar que você está ali pra somar, e não apenas pra lucrar. Quando você entende isso, para de correr atrás de clientes. Porque são eles que passam a correr atrás de você.
Em um mundo saturado de informações, promessas e técnicas, ser verdadeiro se tornou o maior diferencial competitivo. A venda que permanece é a que gera transformação. E transformação só acontece com conexão real.
Então, se eu pudesse te dar um conselho hoje, seria esse: quer vender mais? Comece construindo pontes sólidas. Pontes que resistam ao tempo, à concorrência e ao ruído do mercado. Pontes feitas de escuta, de presença e de verdade.
Vendas, afinal, não são sobre produtos. São sobre pessoas. E é com pessoas que devemos falar — com o coração aberto e a alma inteira.
Clevernei de Almeida Rezende Júnior é Diretor Comercial, palestrante e consultor em vendas