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ARTIGO – Teatralizaçåo da política: personagem ou representante do povo?

Na política, a imagem é ferramenta e, muitas vezes, disfarce. É comum vermos políticos que se valem de adereços para compor uma persona pública: chapéus, óculos escuros, roupas típicas, bordões e gestos ensaiados. Esses elementos não são apenas acessórios estéticos; são construções simbólicas que ajudam a moldar a percepção popular.

A questão que se impõe é: até que ponto esses adereços revelam autenticidade? E quando passam a encobrir a verdadeira identidade do político?

Nem todo político que evita adereços é necessariamente autêntico. Mas, via de regra, todo político que recorre a eles está representando um personagem, e não necessariamente representando o povo.

A teatralização da política transforma o debate público em espetáculo, onde o figurino muitas vezes fala mais alto que o conteúdo.

O risco é claro: quando o personagem se sobrepõe ao compromisso, o eleitor passa a votar em uma fantasia, não em um projeto. E o político, em vez de ser ponte entre o povo e o poder, vira apenas um ator em busca de aplausos.

Representar o povo exige mais do que performance. Exige escuta, entrega e coerência. Porque o povo não precisa de personagens precisa de representantes.

 

Por: Valdecir Neves

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