Vender um imóvel é, para muitas pessoas, um momento único. Seja pela oportunidade de realizar um sonho, quitar dívidas ou reinvestir o valor recebido, o fato é que um montante relevante entra na conta de uma só vez. Mas é justamente nesse momento que surgem decisões equivocadas que podem comprometer todo o potencial desse capital.
Um dos erros mais comuns é deixar o dinheiro parado em conta corrente ou “aplicá-lo” na poupança, acreditando que isso é “seguro”. A verdade é que, com a inflação corroendo o poder de compra, cada mês com o recurso parado significa perda real de valor (em alguns cenários econômicos).
Outro erro frequente é concentrar todo o valor em um único ativo ou aplicação, sem considerar o próprio perfil de risco e as necessidades de liquidez. Isso limita as oportunidades e aumenta o risco de perdas em caso de oscilações de mercado. Pesquisa da Loft revelou que entre 62% e 64% dos vendedores usam o valor da venda para comprar outro imóvel, o que, embora possa parecer seguro, imobiliza o patrimônio e reduz a flexibilidade financeira.
A falta de planejamento financeiro também é evidente. Segundo o QuintoAndar, 57% dos brasileiros que pretendiam mudar de imóvel não possuíam um plano estruturado para viabilizar a transação. Entre aqueles que
já venderam, a situação não é muito diferente: muitos não sabem como alocar o capital de forma estratégica para gerar renda e preservar o poder de compra no longo prazo.
Além disso, existe o risco dos gastos impulsivos pós-venda. Viagens, reformas exageradas e compras motivadas pela empolgação momentânea consomem rapidamente recursos que poderiam garantir segurança no futuro. Some-se a isso a vulnerabilidade a propostas milagrosas de investimento, terreno fértil para golpes financeiros, e temos um cenário em que um patrimônio que demorou anos para ser construído pode desaparecer em poucos meses.
Outro ponto negligenciado é o planejamento tributário e sucessório. Sem orientação adequada, o vendedor pode pagar mais impostos do que o necessário ou deixar de organizar a sucessão do patrimônio, comprometendo a
proteção do capital.
A verdade é que vender um imóvel exige muito mais do que uma boa negociação no momento da assinatura. Exige estratégia. É preciso pensar em diversificação, liquidez, segurança e rentabilidade, sempre com um plano claro. O capital obtido pode — e deve — ser transformado em um patrimônio sólido, capaz de gerar renda recorrente, proteger contra imprevistos e criar oportunidades para o futuro.
O pior erro que alguém pode cometer não é investir no ativo errado, e sim não investir de forma planejada. O dinheiro de uma venda de imóvel é fruto de anos de trabalho e merece um destino inteligente. E essa decisão não deve ser tomada no calor do momento, e sim com apoio de quem entende do assunto.
José Neto Rossini Torres é Sócio, Gestor Comercial e Assessor de Investimentos Alta Renda da Forttu Investimentos; Advogado; Autor dos livros: “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade” (Em pré-lançamento)