Vivemos uma era em que o som da pressa se tornou trilha sonora corporativa. São reuniões intermináveis, notificações constantes, opiniões em excesso e decisões tomadas no calor do barulho. O ruído é tão grande que, muitas vezes, os líderes confundem movimento com avanço, fala com influência e presença com protagonismo.
Mas há um grupo de gestores que está redescobrindo o poder do que parece invisível, o silêncio.
O silêncio, no contexto da gestão, não é ausência, é presença atenta. É o espaço entre uma fala e outra que permite ao líder compreender o que está nas entrelinhas. É onde mora a empatia verdadeira e a capacidade de leitura humana que nenhuma planilha traduz. Escutar sem a urgência de responder é, talvez, uma das competências mais raras e poderosas do século XXI.
Nas organizações modernas, o ruído é disfarçado de produtividade. A quantidade de mensagens trocadas, reuniões feitas e relatórios entregues costuma ser confundida com resultado. Contudo, quanto mais se fala, menos se ouve, e menos se percebe. O excesso de comunicação sem filtro gera confusão, ansiedade e decisões mal alinhadas.
Muitos líderes sentem a necessidade constante de opinar, marcar território, “mostrar presença”. Mas o verdadeiro controle vem da serenidade. O líder que domina o silêncio transmite segurança, não por aquilo que fala, mas pela confiança que inspira ao saber ouvir. Ele entende que, em um ambiente saturado de discursos, a pausa é o que diferencia uma decisão impulsiva de uma escolha inteligente.
Escutar é um ato de generosidade. E é no silêncio que essa generosidade se manifesta. Quando um líder silencia, ele abre espaço para que as pessoas floresçam, para que ideias que normalmente não teriam voz ganhem força. É ali, no intervalo entre uma resposta e outra, que surgem as soluções mais criativas e as percepções mais autênticas.
Gestores que cultivam o silêncio estratégico criam times mais maduros, capazes de pensar e agir com autonomia. Eles trocam o comando pelo convite, o discurso pela escuta ativa. E, paradoxalmente, quanto menos falam, mais são ouvidos. O silêncio também é uma forma de autoconhecimento. Ele permite que o líder perceba seu próprio ruído interno, suas reações automáticas, ansiedades e crenças.
Há quem veja o silêncio como inércia. Na verdade, é potência. É nele que o líder consegue analisar cenários com clareza, medir o impacto de suas palavras e fortalecer a confiança do time. Empresas que compreendem o valor dessa pausa intencional estão criando ambientes mais criativos, colaborativos e sustentáveis. Descobriram que nem sempre a voz mais alta é a que conduz, e que a escuta atenta vale mais do que um discurso motivacional.
José Neto Rossini Torres é Sócio, Gestor Comercial e Assessor de Investimentos Alta Renda da Forttu Investimentos; Advogado; Autor dos livros: “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade” (Em pré-lançamento)