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ARTIGO – Liderança sem presença se torna apenas cobrança

A liderança contemporânea exige algo que muitos gestores ainda negligenciam, presença. E presença, ao contrário do que muitos acreditam, não tem relação com microgestão ou vigilância excessiva, mas com a capacidade de acompanhar de perto o desenvolvimento do time, oferecendo direção, clareza e suporte. Quando o líder se distancia, surgem lacunas; e onde há lacunas, aparecem ruídos, interpretações distorcidas e inseguranças que corroem a performance mesmo das equipes mais talentosas.

A ausência cria um ambiente onde a cobrança se torna o único ponto de contato, e cobrança sem contexto é um dos maiores sabotadores de resultados. O colaborador passa a se sentir observado apenas pelo prisma da entrega, sem acesso à orientação necessária para alcançar aquilo que dele se espera. Nesse cenário, as pessoas trabalham com receio, e o medo, sabemos, é inimigo da produtividade.

A presença verdadeira, por sua vez, é humana e profundamente eficaz. É o líder que pergunta, que acompanha, que ajusta rotas, dá feedback, que cria espaço para dúvidas e que demonstra, com atitudes e não apenas palavras, que está comprometido com o crescimento do time. É essa presença que constrói maturidade organizacional.

A autonomia que tantos líderes desejam só nasce depois de um período consistente de acompanhamento, nunca antes. Times de alta performance não surgem espontaneamente, eles são resultado de líderes que investiram tempo, escuta e energia para desenvolver pessoas. A presença do líder também cria ritmo. Sem cadência de conversas, alinhamentos e devolutivas, a equipe perde velocidade, acumula pendências e entra em ciclos de frustração. Mas quando há proximidade inteligente, mesmo em interações breves, estabelece-se um compasso que impulsiona as entregas.

Liderar, portanto, não é aparecer no fim para cobrar o resultado, mas estar no começo e no meio, contribuindo para construí-lo. A liderança ausente transforma gestores em meros cobradores; a presença consistente transforma líderes em referências. E é essa diferença, sutil, porém profunda, que define a qualidade de uma cultura e a capacidade de uma empresa de sustentar resultados no longo prazo.

 

José Neto Rossini Torres –  Sócio, Gestor Comercial e Assessor de Investimentos Alta Renda da Forttu Investimentos; Advogado; Autor dos livros: “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade” (Em pré-lançamento).

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