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Artigo – Hoje (18), é o Dia Mundial da Menopausa

Viver a Menopausa com Consciência e Autocuidado

Entrei na menopausa aos 44 anos. No início, foi um período de intensas transformações físicas, emocionais e mentais. Eu sentia muito calor, depois vinham os calafrios, uma irritabilidade constante e notei que comecei a engordar com facilidade, algo que nunca havia acontecido comigo e distúrbios do sono. Meu corpo parecia ter vontade própria, e minha mente lutava para acompanhar tantas mudanças ao mesmo tempo.

Hoje, aos 57 anos, ainda tenho alguns episódios de calor, mas a forma como lido com eles é completamente diferente. Aprendi, ao longo desses anos, que a menopausa não é o fim de um ciclo de vida, e sim o início de outro, um período cheio de aprendizados sobre o corpo, o tempo e a importância do autocuidado.

A transição não foi simples. Em muitos momentos, me senti incompreendida, até porque esse tema ainda é cercado de tabus e silêncios. Falar sobre menopausa é falar sobre envelhecimento, feminilidade e autoconhecimento, assuntos que exigem coragem e aceitação. No entanto, foi justamente ao olhar com mais empatia para mim mesma que comecei a viver essa fase com mais leveza e serenidade.

Hoje, a prática regular de atividades físicas é minha grande aliada. Caminhadas, exercícios de fortalecimento e momentos de movimento se tornaram parte essencial da minha rotina. O exercício me ajuda a equilibrar os hormônios, melhora o humor e traz energia para o dia. O corpo em movimento é também uma mente em paz.

Outro pilar fundamental foi a alimentação consciente. Descobri o poder que os alimentos têm sobre o bem-estar físico e emocional. Passei a valorizar uma dieta mais natural, rica em frutas, verduras, proteínas magras e grãos integrais. Comer bem deixou de ser apenas uma escolha estética e se tornou um gesto de amor-próprio e de cuidado diário.

A menopausa é uma fase inevitável, mas a forma como cada mulher a vivencia pode ser profundamente transformadora. O segredo está em se conhecer, se respeitar e buscar equilíbrio. Não se trata de lutar contra o corpo, mas de aprender a caminhar junto com ele, com consciência, paciência e autocuidado.

Hoje, posso dizer que me sinto mais madura, mais confiante e mais conectada comigo mesma. A menopausa me ensinou que o corpo fala,  e  ouvir o que ele tem a dizer é o primeiro passo para viver essa etapa com serenidade e plenitude.

Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de brasileiras — o equivalente a quase 8% da população feminina, passam pela menopausa precoce, quando os sintomas surgem antes dos 45 anos. Essa condição merece atenção, pois pode causar impactos significativos na saúde física e emocional.

Antes da menopausa propriamente dita, que é confirmada após 12 meses consecutivos sem menstruar, há o climatério, uma fase de transição em que os hormônios femininos, principalmente o estrogênio, começam a diminuir. É nesse período que surgem sinais como irregularidade menstrual, ondas de calor, suores noturnos, alterações de humor e distúrbios do sono.

Os especialistas destacam que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para reduzir o impacto da menopausa precoce. Em muitos casos, a terapia de reposição hormonal é indicada, mas também é fundamental adotar hábitos de vida saudáveis, que incluem alimentação equilibrada, hidratação, sono de qualidade e prática regular de atividade física.

Mais do que uma fase biológica, a menopausa é uma fase de reconexão com a própria essência. É o momento de olhar para dentro, ressignificar a feminilidade e descobrir novas formas de viver o prazer, o equilíbrio e a liberdade que chegam com a maturidade.


Luciene Costa é psicóloga clínica, pós-graduada em Psicanálise, jornalista e especialista em bem-estar e qualidade de vida.

@luciene_costa_57

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