Organizar as finanças pessoais é, antes de tudo, uma questão comportamental
e não apenas matemática.
Apesar do acesso cada vez maior à informação sobre boas práticas financeiras, como gastar menos do que se ganha, reservar parte da renda para o futuro e evitar o endividamento, muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades para estruturar suas finanças de forma eficiente. Isso ocorre porque o conhecimento técnico, por si só, não é suficiente para gerar mudanças sustentáveis. É necessário compreender a influência das
emoções e da história pessoal na tomada de decisão financeira.
No livro A Psicologia Financeira, Morgan Housel argumenta que nossas escolhas com o dinheiro não são feitas em planilhas, mas em contextos reais, marcados por sentimentos, pressões sociais e experiências de vida. Um
mesmo cenário financeiro pode gerar comportamentos completamente diferentes em pessoas com histórias distintas. Quem passou por períodos de escassez tende a ser mais conservador. Quem viveu em contextos de
estabilidade pode assumir riscos excessivos. Medo, ansiedade, otimismo e comparação são fatores subjetivos que moldam a relação de cada indivíduo com o dinheiro.
Essa perspectiva reforça que, além de saber poupar, é preciso desenvolver consciência sobre os próprios padrões de consumo. Muitas vezes, o gasto está associado a uma necessidade emocional: recompensa, alívio, pertencimento. Reconhecer essas motivações é o primeiro passo para estruturar um
planejamento financeiro alinhado com os objetivos reais de vida. Essa visão também está presente em obras clássicas como O Homem Mais Rico da Babilônia, de George Clason. A conhecida orientação de gastar apenas nove moedas de cada dez recebidas simboliza, na prática, a importância da disciplina, da paciência e do autocontrole. Não se trata apenas de economizar, mas de desenvolver a capacidade de postergar desejos
imediatos em prol de realizações futuras.
No contexto brasileiro, autores como Gustavo Cerbasi também reforçam que o bom investimento começa por um bom consumo. No livro Investimentos Inteligentes, ele destaca que é essencial compreender os próprios desejos e valores antes de estruturar uma carteira de investimentos. Em outras palavras, organização financeira começa com autoconhecimento e clareza de propósito.
Portanto, falar sobre finanças pessoais é falar sobre rotina, hábitos e comportamento. Sucesso financeiro não exige genialidade técnica, mas disciplina consistente. E esse é um ponto fundamental: qualquer pessoa, independentemente de sua formação, pode alcançar uma vida financeira equilibrada, desde que esteja disposta a entender seus próprios padrões e transformá-los com consistência.
José Neto Rossini Torres
Sócio, Gestor Comercial e Assessor de Investimentos Alta Renda da Forttu
Investimentos; Advogado; Autor dos livros: “Investe Logo: Compartilhando
experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na
Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade” (Em
pré-lançamento).