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ARTIGO _ Guarapari precisa olhar urgente para o turismo e deixar de ser só a segunda residência do capixaba – I

Nerleo Caus é presidente da ABIH-ES (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo). É empresário e já foi Secretário de Estado de Turismo

Guarapari tem um enorme potencial turístico, sobretudo pelo corte de suas belas praias. Mas o lugar que recebeu no passado o apelido de Cidade Saúde não tem olhado pra sua vocação há muitos anos. Hoje, Guarapari não é uma cidade turística, mas, sim, a segunda residência do capixaba.

O turismo não recebe a devida atenção da gestão municipal já há algum tempo. A cidade não tem estipulado, por exemplo, um calendário de eventos. Falta previsibilidade e planejamento. Dessa forma, os eventos viram despesas, ao invés de investimento.

Até mesmo iniciativas interessantes, como a Esquina da Cultura, é um produto muito mal apresentado e trabalhado como produto turístico. Ninguém de fora do ES e poucos fora do município sabiam dele. Mesmo os que ficaram sabendo com antecedência, foi a poucos dias do evento. Assim, a frequência de um ano para o outro não evoluiu, pelo contrário, diminuiu. Quem estava em Guarapari e tinha reservado hospedagem antes não foi pelo evento. Agora, por exemplo, já estamos perto do fim do ano e ainda não sabemos se teremos réveillon ou carnaval na cidade.

O quadro geral de Guarapari hoje é de uma cidade-balneário do capixaba, o que faz com que a cadeia do turismo não se desenvolva. O gasto per capita de quem visita Guarapari acaba sendo baixo e isso tem consequências para o desenvolvimento da cidade como um todo. Há mais de 30 anos, por exemplo, não se constrói um novo hotel na cidade, em razão das “locações temporárias”, que – desreguladas – impõe à cidade uma cadência negativa, em especial aos cofres públicos.

Um outro ponto que precisa de um olhar é a concentração de investimento nas montanhas, que tem capacidade limitada de recepção e menor ainda de hospedagem de turista. O litoral da cidade está esquecido. A pergunta óbvia é: onde estarão as quase 2 milhões de pessoas esperadas para este verão?!

Um caso à parte – e preocupante – é a praia de Meaípe, que teve sua faixa de areia ampliada. Daí, surge uma série de preocupações pertinentes. Como será limpeza do local? E a questão dos banheiros, já que o comércio local não tem estrutura para suportar o fluxo? E a questão dos salva-vidas? Como será a mobilidade, terá ônibus específicos e reforço na sinalização? Como será a segurança no local, haverá reforço 24h e videomonitoramento? Na Praia do Morro, por exemplo, o que se vê hoje é o uso irregular da noite, com bailes e drogas. Tem mais: as estruturas de pedras, espigões que avançam no mar, terão um trabalho de proteção? Enfim, uma série de questões que precisam ser resolvidas em um trabalho conjunto da Prefeitura com o Governo do Estado. Este será o 16° verão da administração municipal e o quinto do atual ciclo do governo estadual.

Por fim, é destacar que se faz urgente o incentivo fiscal ao turismo. Hoje, por exemplo, empresas vêm de outros estados para o ES por conta dos benefícios do programa “Compete-ES”. O Governo de Alagoas, por exemplo, decretou a dispensa do pagamento do ICMS adiantado também para hotéis e pousadas. Ou seja, podemos aprender com os de fora para que os de fora conheçam Guarapari e o Espírito Santo.

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