Um episódio pouco conhecido da história do Espírito Santo — a passagem dos imensos dirigíveis alemães Zeppelins pelo céu capixaba — ganhará nova vida nas telas por meio do projeto Curta Vitória a Minas IV. A ficção “Julyta e o Zeppelin”, escrita pelo historiador Geremias Pignaton, narra a aventura real vivida por sua mãe, Julyta, e seus seis irmãos na década de 1930, quando tentaram avistar o gigantesco balão que cruzava o litoral em direção ao Rio de Janeiro.
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Na época, os Zeppelins realizavam voos regulares ligando Paris ao Brasil, atravessando o Atlântico em viagens de cerca de três dias. Depois de entrar no país pelo Recife, os dirigíveis seguiam pela costa, passando sobre o Espírito Santo — e despertando a imaginação das crianças de pequenas cidades como Ibiraçu.
Agora, quase um século depois, a história será transformada em filme. Geremias está entre os sete selecionados para participar do curso audiovisual do Curta Vitória a Minas IV, que ensina moradores de cidades capixabas e mineiras a transformar relatos escritos em obras cinematográficas.
As oficinas começaram em 23 de novembro e seguem até 7 de dezembro, na sede do Instituto Marlin Azul, em Jardim da Penha, Vitória. Durante o processo imersivo, os participantes aprendem noções de roteiro, direção, direção de arte, fotografia, som, montagem, produção, finalização, mobilização comunitária e direitos autorais, em aulas práticas e teóricas conduzidas por profissionais de cinema e TV.
Após o período formativo, cada autor retornará à sua cidade para organizar a pré-produção, envolvendo moradores, escolhendo locações, definindo figurinos e reunindo objetos de cena que ajudarão a compor o universo do filme. Durante as filmagens, equipes técnicas de fotografia, som e produção acompanharão os grupos locais. Em seguida, os autores participam da montagem e finalização das obras.
Quando prontos, os curtas serão exibidos em sessões gratuitas em ruas e praças das cidades participantes, levando cinema ao ar livre para a comunidade.
Geremias destaca que o aprendizado vai além da técnica: “O curso do Curta Vitória a Minas IV está nos habilitando a produzir, a dirigir o filme, a escrever o roteiro. Espero transmitir ao público — especialmente ao de Ibiraçu — a mesma emoção que sinto ao relatar essa história que minha mãe me contava sobre a infância dela. Quero que o resultado final faça jus à memória dela e à expectativa de todos.”
Esta é a quarta vez que uma narrativa de Ibiraçu é selecionada pelo projeto. Nas edições anteriores, viraram filme as obras:
O Segredo de Giuzzeppe, de Nilma Scarpati (1ª edição);
Reciclando Vidas e Sonhos, de Ana Paula Imberti (2ª edição);
As Cercas, de Otávio Luiz Gusso Maioli (3ª edição).
Além de Ibiraçu, participam desta edição moradores de João Neiva (ES) e de Aimorés, Conselheiro Pena, Belo Oriente, Nova Era e João Monlevade (MG).