Reconhecido como uma potência em inovação social, protagonismo negro e transformação de territórios, o Instituto Das Pretas, organização capixaba de impacto, foi convidado a participar da COP30, em Belém (PA), levando a voz, os saberes e as experiências das mulheres negras do Espírito Santo para um dos eventos mais importantes do mundo sobre mudanças climáticas. A presença da instituição reafirma o papel estratégico do Estado na construção de soluções globais que unem sustentabilidade, equidade e justiça social.
Criado em 2015, o Instituto Das Pretas é um laboratório de inovação e tecnologia social capixaba, liderado por mulheres negras e indígenas, com sede em Vitória e atuação colaborativa em todo o Brasil, na diáspora africana e afrolatina. A organização nasceu do desejo de cocriar soluções socioambientais que conectem tecnologias ancestrais e contemporâneas, valorizando o potencial criativo de pessoas negras e de territórios vulnerabilizados.
Na COP30, o Das Pretas se apresenta de forma ativa em cinco grandes participações institucionais, além de agendas de articulação em rede. A fundadora e CEO da organização, Priscila Gama, integra painéis e palestras que discutem a importância de reconhecer que as periferias já constroem, na prática, soluções sustentáveis e regenerativas para o planeta.
“Estar na COP30 é um ato político e pedagógico. É um espaço de escuta, mas também de fala. Um momento para mostrar que os territórios periféricos não são receptores de políticas, e sim produtores de conhecimento e de tecnologias sociais”, destaca Priscila Gama.
A agenda teve início com a palestra “Futuros Negros: Dados, Cultura e Justiça Climática para a Regeneração dos Territórios” no Regenera Project, onde Priscila apresentou as tecnologias sociais capixabas, criadas pelo Instituto, e defendeu a diversidade como motor da inovação.
“O Sul Global não precisa de caridade, precisa de paridade. Há muito tempo testamos futuros nos nossos territórios, só que longe dos centros que se acham o centro. O futuro é coletivo, e a comunidade é a nossa tecnologia mais potente”, afirmou Priscila durante o South of the Future, realizado pela Fundação Toyota do Brasil, na Green Zone.
Entre os demais compromissos do Das Pretas, estão:
– Painel “Deslocados Climáticos” dentro da Free Zone, sobre os impactos das mudanças climáticas em populações historicamente vulneráveis.
– Painel “Lab Futuros: Inovação, prosperidade e justiça climática nas periferias Capixabas” na Casa Sustentabilidade Brasil, com foco no reconhecimento dos saberes ecológicos e das tecnologias sociais existentes nas comunidades periféricas.
– Festival Coletivo Casa Brasil COP30, onde Priscila Gama mediará o painel “Transição para quem? Raça, Consumo e Justiça Climática no Brasil Real”, propondo um olhar interseccional sobre consumo, transição ecológica e desigualdades.
A presença do Instituto Das Pretas na COP30 reafirma seu papel como referência nacional em inovação social e cultural capixaba, ampliando a visibilidade das mulheres negras do Espírito Santo e dos saberes periféricos nos espaços globais de decisão e construção de políticas públicas.
“Nossa presença aqui é sobre ampliar o horizonte do possível. É sobre ocupar espaços globais levando conosco a força, a inteligência e a criatividade das mulheres negras do Espírito Santo e do Brasil”, destaca Priscila.
A participação na conferência reforça também o compromisso da organização em construir pontes entre saberes ancestrais e soluções contemporâneas. O Instituto leva à COP30 experiências em projetos que unem empreendedorismo, educação e sustentabilidade, destacando práticas desenvolvidas em comunidades capixabas e periféricas.
“Quando falamos de futuro, estamos falando de quem tem o direito de imaginá-lo e de realizá-lo. Nosso papel aqui é mostrar que as periferias não são o problema, mas parte essencial da solução para enfrentar as crises climáticas e sociais”, conclui Priscila Gama.
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O que é a COP e por que ela importa
A Conferência das Partes, conhecida como COP, é o maior encontro global sobre clima, reunindo anualmente líderes de Estado, cientistas, organizações internacionais, movimentos sociais, empresas e ativistas para discutir ações de enfrentamento às mudanças climáticas. É dentro da COP que se firmam acordos internacionais, se definem metas de redução de emissões de carbono e se negociam políticas capazes de influenciar diretamente o futuro do planeta. Participar desse espaço significa contribuir para decisões globais, defender pautas socioambientais urgentes e garantir que vozes historicamente silenciadas, como as das mulheres negras e das periferias, tenham lugar nas mesas onde o futuro é debatido.